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Fluminense teve ano brilhante e final humilhante

Nada apagará a excelente temporada de 2023 do Fluminense, quando conquistou pela primeira vez a Taça Libertadores. Mas, inegavelmente, o final do ano foi pra lá de frustrante.

Nem tanto pela derrota diante do City, acabando com o sonho (quase impossível) do primeiro Mundial, mas pela humilhação de uma goleada acachapante, mesmo com seu rival desfalcado de seus dois melhores jogadores (De Bruyne e Haaland) e jogando em ritmo de treino.

É bem provável que nenhum outro campeão recente da Libertadores fosse capaz de bater o Manchester City de Pep Guardiola. Mas nenhum deles que chegou à final levou um passeio tão avassalador - o Flamengo, em 2019, e o Palmeiras, em 2021, levaram, respectivamente, Liverpool e Chelsea à prorrogação.

Curiosamente, a última goleada de 4 a 0, em final de Mundial Interclubes, foi também de uma equipe dirigida por Guardiola, o Barcelona, sobre um rival brasileiro, o Santos de Neymar e Ganso, em 2011, dirigido por Muricy Ramalho.

Dessa vez, Fernando Diniz manteve-se fiel às suas ideias e tentou enfrentar Guardiola de peito aberto. Foi impiedosamente massacrado, evidenciando a enorme diferença entre ambos, por mais que inúmeros jornalistas, nos dias que antecederam à decisão, se fartassem de fazer comparações absurdas e paralelos ridículos e sem noção das carreiras de um e outro.

É óbvio que há uma colossal diferença técnica entre os elencos dos dois clubes. Mas até isso discutiu-se em cotejos individuais esdrúxulos, que chegavam a colocar alguns jogadores tricolores à frente de seus pares da equipe de Manchester. Que papelão! Até os reservas do City são melhores que os titulares do Fluminense. Mas na hora de caçar cliques e buscar audiência, vale tudo.

Vexame maior que o do Fluminense, na decisão do Mundial, passou mesmo boa parte da nossa imprensa "pacheca" e irresponsavelmente eufórica diante de um duelo que sempre se antecipou autêntica covardia.

Houve até indignação coletiva quando o Telegraph (jornal inglês) fez excelente matéria (a manchete, sim, foi infeliz) botando o dedo na ferida e apontando a enorme diferença de idade entre os dois elencos.

Antes do final do primeiro tempo, os veteranos do Flu se arrastavam em campo. O que permitiu a goleada sem que os ingleses nem precisassem forçar o ritmo. Quando, enfim, substituiu numa tacada Marcelo, Felipe Melo e Ganso, Diniz tirou mais de 100 anos do gramado...

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Um time com tal média de idade conquistar, com méritos, a principal competição do continente, diz muito sobre o (baixíssimo) nível do futebol praticado por aqui. Assim como a grande temporada de Luisito Suarez, com um joelho só e tantos outros exemplos que são ignorados em prol do oba-oba dos programas esportivos e das redes sociais.

O rei está nu, faz tempo. Peladão mesmo. Mas nossas "peladas" continuarão a ser comparadas aos clássicos da Premier League. Até que um confronto entre os dois mundos nos devolva à triste realidade. Como nas últimas Copas do Mundo. E nessa decisão entre Manchester City e Fluminense..

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do informado no texto original, o Fluminense enfrentou o Manchester City e não o Liverpool. O erro foi corrigido.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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