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Filho de Tite agora quer ser ombudsman da imprensa

Não existe grande atuação ou desempenho espetacular sem vitória. A melhor ginasta do mundo, a americana Simone Biles, fez uma linda prova de solo na disputa por aparelhos nas Olimpíadas de Paris, mas, após piruetas de tirar o fôlego, pisou fora do tablado duas vezes. Penalizada, acabou com a prata, com justiça, batida pela nossa Rebeca Andrade.

O Flamengo de Tite, longe de realizar uma atuação brilhante contra o Vasco (a quem goleou por 6 a 1 no turno), foi superior, sim, na maior parte do confronto do returno, mas sofreu horrores para traduzir tal superioridade no placar. E, quando, enfim, conseguiu, numa linda jogada iniciada por Wesley, com assistência primorosa de Arrascaeta e finalização certeira de Gerson, não soube segurar a vantagem, entregando a rapadura no apagar das luzes, com o gol de Coutinho decretando o empate.

Não adianta o técnico e seu filho, que também participou da constrangedora entrevista coletiva pós-jogo, quererem dourar a pílula. Mais uma vez, o rubro-negro carioca deixou a desejar. Nos últimos seis jogos do Brasileiro, venceu apenas uma vez (!!!), tendo um rendimento de rebaixado no returno. Um vexame indiscutível!

Mas, pior do que o resultado, foram as substituições bizarras (como alguém pode insistir com Carlinhos, que cara a cara com o goleiro chuta grama!) e as previsões patéticas ("nas últimas cinco rodadas estaremos brigando pelo título", garantiu Matheus Bacchi). A tentativa do filho de Tite de se tornar ombudsman dos jornalistas, ditando regras e exaltando a qualidade de um trabalho que só ele e seu pai devem enxergar, foi ainda mais constrangedora.

"Vocês precisam ver o todo e não ficar tentando nos provocar com perguntas fora de contexto, que não levam em conta o todo! Esqueceram da boa atuação da última quinta-feira (1 a 0 contra o Bahia, pela Copa do Brasil). A de hoje foi no mesmo nível. E se jogarmos assim contra o Peñarol, vamos ganhar!"

Dublê de assistente técnico, ombudsman e profeta, "Titinho" perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado. E, pior, seu pai a tudo assistiu, embevecido, como se o rebento estivesse declamando poemas de Drummond de Andrade, Clarice Lispector e Ferreira Gullar.

Pobre Flamengo.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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