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Filipe de Jesus devolve aos rubro-negros o prazer e a alegria

Joãozinho tem apenas oito anos e é Flamengo. Embora já tenha ido algumas vezes ao Maracanã, com o pai, a mãe e o avô, ainda não entende muito do jogo. Sabe apenas que quando a bola entra é motivo de alegria ou tristeza. Depende da baliza em que chega ao fundo da rede. Quando não entra em lugar algum, geralmente, a turma volta pra casa meio desanimada.

Em seu raciocínio infantil, ele se apega àqueles que seus pais e o avô aplaudem e implica com os que são xingados pela família, enfurecida. Por esse motivo, nos últimos anos, passou a considerar "do mal" nomes como Victor Pereira, Jorge Sampaoli, Tite, Landim e Braz. Todos vítimas de desenhos horripilantes em seu caderno da escola.

Na noite da última quarta-feira, não foram ao Maracanã. Postaram-se diante da TV da sala e, sem entender bem o porquê, o menino percebeu um frisson diferente. "Enfim, nos livramos do Tite", bufavam o pai e o avô. Conexão feita imediatamente. Ele sabia que o ex-treinador era "do mal". Se saiu era uma boa notícia!

Comendo pipocas, Joãozinho começou a ver Flamengo x Corinthians, jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil. Abraçado a Banzé, o vira-latas caramelo da casa, nem estava prestando tanta atenção na telinha, quando percebeu a animação incontida do restante da família.

"Olha a diferença, mudou da água pro vinho! Custava jogar desta maneira antes?", vibrava o avô.

"Mas era o Tite, pai. Não tinha como! Viva o Filipe Luís! Ele anotou todos os treinos do Jesus. Olha o resultado!", emendava o pai.

"Filipe Luís? Estranhou Joãozinho. Esse não era jogador?" quis saber.

"Era", explicou, pacientemente a mãe. "Mas agora é técnico"/

"E olha que estreia, filho. Parece até o time do Jesus!"

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Sim, parecia. E apesar do placar magro de apenas 1 a 0 (fruto de uma atuação soberba do goleiro Hugo Souza, do Corinthians), o que se via em campo era uma linda exibição de futebol.

O pai, a mãe e o avô vibravam, o Banzé latia, Joãozinho pulava; festa na floresta. Que diferença abissal para o ambiente soturno, quase macabro dos jogos nos tempos sombrios de Pereira, Sampaoli e Tite (todos "do mal", relembrou o pequerrucho).

Face a alegria generalizada na família, Joãozinho já considera Filipe Luís "do bem", também como treinador (como jogador já era). E a conclusão da noite era quase unânime:

"Se com dois treinos Filipe já conseguiu isso, imagine depois do tempo treinando, na maldita data Fifa!".

Faz tempo que a família e os torcedores rubro-negros, como um todo, não iam dormir tão felizes. Aliviados. Por voltar a ver o Flamengo recuperar o seu DNA e jogar novamente como Flamengo. Sempre no campo do adversário, sempre lutando pela bola, sempre em busca do gol.

Filipe Luís estreou com o pé direito. À sombra e semelhança de seu treinador preferido: o mister Jorge Jesus.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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