Contratações caras obrigam São Paulo a ser o maior vendedor do país em 2020
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Com Bruno Grossi
O São Paulo é o clube brasileiro que terá de vender o maior valor em jogadores durante a temporada: R$ 154 milhões. É o que mostra um levantamento feito pelo blog em cima das previsões dos orçamentos de clubes. A principal explicação é compensar contratações de estrelas caras em 2019 para tentar títulos. Outros fatorares que contribuíram para essa demanda foram negociações e receitas abaixo da expectativa, pagamento de dívidas antigas e desempenho esportivo irregular.
A fórmula de negociar jogadores para bancar times caros tem sido uma prática no São Paulo nos últimos seis anos. Clube que mais arrecada com atletas no país, o tricolor ganhou R$ 752 milhões nos últimos seis anos com seus jogadores, de 2014 a 2018. Sempre que as vendas não ocorrem como o esperado, o time acaba com buracos significativos nas contas: foi assim em 2014, 2015 e agora em 2019.
A estimativa do São Paulo no ano passado já era arrecadar R$ 120 milhões em negociações de jogadores. Esse número aumentou durante a temporada justamente porque houve contratações acima do traçado no orçamento. Mas a quantia recebida ficou bem abaixo disso. As saídas dos zagueiros Morato e Rodrigo Caio foram as mais significativas.
Houve queda em outras receitas como televisão —R$ 40 milhões abaixo da expectativa— e prêmios em competições como Copa do Brasil e Libertadores —R$ 30 milhões abaixo. O clube caiu na fase eliminatória do torneio sul-americano.
Do outro lado, o São Paulo mudou a estratégia do orçamento do início do ano passado e botou o pé no acelerador nas despesas do futebol pressionado pela falta de títulos. Pablo e Hernanes chegaram no início do ano, depois foram acompanhados por Pato e Tche Tchê. No meio do ano, foi a vez de Daniel Alves, maior salário do Brasil.
Houve ainda percalços imprevistos como a dívida judicial antiga por Ricardinho, acordos com Prefeitura e CET e ações trabalhistas. Esses três itens geraram impacto de R$ 80 milhões nas contas. De saldo ao final do ano, havia expectativa de déficit de R$ 180 milhões na reunião do Conselho de Administração. Esse número não é definitivo, no entanto, pois o clube ainda trabalha no fechamento do balanço da temporada.
Por isso, o documento de orçamento de 2020 levado para o Conselho de Administração tem forte contenção de gastos administrativos com congelamento de contratações interna. No futebol, havia a orientação de explorar mercados alternativos como Polônia, Portugal e EUA para negociações e empréstimos de jogadores. Além disso, havia a previsão de 33 milhões de euros (R$ 152 milhões) em vendas. Só seria permitido que houvesse investimento de R$ 21 milhões em contratações caso fosse cumprida essa meta.
Essa premissa otimista baseia-se no histórico do clube. O São Paulo atingiu um patamar próximo ou superior a R$ 150 milhões em três das últimas seis temporadas.
Em comparação, o clube com a segunda maior previsão de negociações é o Atlético-MG com R$ 100 milhões. No Santos, a diretoria tentou emplacar estimativas de vendas acima de R$ 100 milhões e foi barrado pelo Conselho Fiscal. No início da temporada, o São Paulo sofreu um revés com a contusão do zagueiro Walce, que estava próximo de ser vendido para o Red Bull Bragantino.
É importante para clube do Morumbi atingir a meta de vendas de jogadores e se manter na linha nos gastos para voltar ao patamar financeiro saudável do final de 2018. Então, a dívida líquida do clube estava em torno de R$ 270 milhões, a menor entre os grandes, e tinha trajetória de queda. É objetivo da diretoria reduzir o passivo bancário que juros e por isso reduz investimentos. Para isso, o São Paulo repetirá neste ano seu ciclo vicioso de vender revelações para pagar por estrelas.
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