Topo

Rodrigo Mattos

Queda de braço de Flamengo e Globo tem pressão de ppv e abismo de valores

18/01/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O Flamengo terá sua estreia na temporada com apagão na TV por conta da falta de acordo com a Globo para o contrato do Carioca. Na discussão entre as partes, há uma grande diferença de valores entre as duas propostas, por isso, ninguém aposta em um acerto rápido. Há dois elementos na disputa: do lado rubro-negro, a aposta em pressão de queda de Pay-per-view sem o time; do lado da Globo, a intenção de firmar um critério de divisão sem cotas fixas, com divisão por mérito.

A negociação da renovação do contrato entre Flamengo e Globo ocorre desde o último trimestre do ano passado. A proposta da Globo é básica: pagar uma cota igual a de outros grandes no Carioca, R$ 18 milhões. A diretoria do clube fez uma pedida muito superior a esse valor, embora seja impossível saber o valor exato.

A diferença entre as duas propostas é significativa. Uma informação indica que o clube rubro-negro reivindicou uma cota que representaria até quatro vezes a recebida pelos outros grandes. Outra informação diz que há distância de dezenas de milhares de reais entre os números da Globo e do time rubro-negro. Oficialmente, a emissora disse em nota que o valor pedido "foi muito acima do acerto já feito com os outros clubes e a Federação do Rio de Janeiro".

E no que se basearam as duas partes para esses valores? A Globo tem um entendimento de que não deve adotar mais critérios diferentes para times em contratos de televisão. Quando um clube tiver maior remuneração do que o outro, deve ser por seu mérito, isto é, posição no campeonato, maior número de jogos exibidos e maior número de assinantes no Pay-per-view. Foi o que ocorreu com o Flamengo no Brasileiro-2019. Isso foi afirmado em sua nota lida no Globo Esporte em que condenou "desigualdade preestabelecida".

A emissora quer acabar com contratos com o valor carimbado superior para um time, seguindo modelo adotado no Brasileiro para TV Aberta e Fechada. Em contrapartida, em todos os Estaduais, há cotas fixas em que os grandes times dos Estados são beneficiados com valores fixos maiores.

Já o Flamengo aponta que houve uma mudança no patamar do time nos últimos três anos. Em entrevista à ESPN na festa do Carioca, o presidente do clube, Rodolfo Landim, afirmou ainda que o clube sozinho é maior em termos de audiência e interesse de compra de pacotes de ppv do que os outros três grandes. Em termos de ppv, de fato, o percentual de assinantes do clube é maior que de Fluminense, Vasco e Botafogo, juntos, na pesquisa de 2019. O clube é remunerado por isso no contrato do Brasileiro que dura oito meses. Ou seja, o clube alega ter o rito falado pela Globo.

É exatamente na queda do Pay-per-view que o clube aposta como elemento de pressão da Globo para aumentar sua oferta. Quando ficou claro que não haveria acordo, a torcida fez uma campanha no twitter por sair do pacote. Além disso, operadoras como a Net e Sky podem questionar a Globo se a ausência do time impactar no número de assinantes.

Do outro lado, há uma pressão que pode atuar em favor da Globo que é de a torcida querer assistir aos jogos e pressionar por um acerto. Mas, por enquanto, assim como ocorreu com o Palmeiras, os torcedores rubro-negros têm se postado ao lado do clube na disputa.

Um teste para os dois elementos de pressão da reação será nas fases finais da Taça Guanabara. Então, o Flamengo deve começar a botar seu time titular em campo, com a formação que ganhou a Libertadores.

Por enquanto, a Globo deixará de gastar R$ 36 milhões, referentes à cota do Flamengo e do desconto no contrato por sua ausência. Mas poderá ter o impacto financeiro do ppv. Já o time rubro-negro deixa de ganhar R$ 18 milhões, mas não tinha colocado esse valor no seu orçamento para 2020. A verba do Carioca representaria pouco mais de 2% da receita do clube prevista para o ano.