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Rodrigo Mattos

Sem Flamengo, Globo está pagando alto demais ao dar R$ 100 mi pelo Carioca

10/02/2020 04h04

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Há uma discussão pertinente sobre quanto valem os Estaduais em geral e o Carioca tanto para torcedores quanto para quem paga a conta, os parceiros comerciais como redes de televisão e patrocinadores. Os valores dos contratos certamente foram inflados pelo período de concorrência entre a Globo e Turner. Dito isso, está claro que a Globo está pagando pela competição do Rio de Janeiro bem mais do que esta vale sem o Flamengo.

É preciso, primeiro, botar os números da mesa. O Estadual do Rio começou valendo no total R$ 120 milhões quando da assinatura para 2016. Com os reajustes de inflação, passaram a valer em torno de R$ 144 milhões. Ora, desse total, tira-se a cota que seria destinada ao Flamengo e o desconto pela ausência do clube. Resultado: o campeonato vale pouco mais de R$ 100 milhões.

E o que o Carioca entrega por esse valor? Até agora tivemos clássicos esvaziados muitas vezes de pouca importância esportiva e com a presença de reservas. Ou jogos entre grandes e pequenos que geram menor atratividade. Então, definem-se as semifinais da Taça Guanabara com um Fla-Flu de um lado, e Boavista x Volta Redonda, do outro.

Pois bem, a Globo não pode transmitir o clássico e colocou o jogo entre os times pequenos para domingo, mas não se sabe se colocará em TV Aberta. Neste domingo, terá a Supercopa da CBF com Athletico-PR e Flamengo, pela manhã, em jogo bem mais atrativo.

E o cenário não é promissor para o futuro. Na Taça Rio, seguirá o campeonato arrastado e clássicos meia-boca. Resta torcer por uma queda do Flamengo, que é o favorito em campo, para ter as finais. Mas é difícil acreditar em uma decisão do Estadual sem o time. Resultado, a Globo deve perder os jogos de maior interesse de uma competição que já está decadente e desperta pouca paixão no torcedor.

Será que isso vale um investimento de R$ 100 milhões? Há um ganho se analisarmos sob o ponto de vista pragmático que a emissora precisa preencher datas para entregar para seus patrocinadores que pagaram cotas fixas por ano pela TV Aberta e gera volume de jogos para o Pay-per-view. Mas, a longo prazo, um produto tão depauperado vai gerar questionamos futuros tanto de torcedores que compram os pacotes de jogos por quatro meses de Estaduais quanto de parceiros que patrocinam os produtos Globo. Não há enganação no mundo atual: todo mundo que paga por propriedades avalia o quanto é entregue pelo seu dinheiro.

A perspectiva de negociação de jogos individuais entre Globo e Flamengo pode até acontecer no futuro, mas, hoje, as negociações nesse sentido são inexistentes. Sem o time da Gávea, fica muito difícil justificar o valor pago pela emissora pelo Estadual. A persistir esse impasse neste e nos próximos anos, vai ser muito difícil convencer a emissora a pagar um valor desse nível na renovação.