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Rodrigo Mattos

Como debandada do Cruzeiro mostra que clube pagava salários irreais

Atacante Fred e meia Thiago Neves, ídolos que saíram do Cruzeiro - Vinnicius Silva/Cruzeiro
Atacante Fred e meia Thiago Neves, ídolos que saíram do Cruzeiro Imagem: Vinnicius Silva/Cruzeiro

24/02/2020 04h00

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Rebaixado e quebrado pela gestão de Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro teve uma debandada de jogadores porque não tinha mais condições de pagar seus salários. Todos os jogadores que deixam o clube aceitaram ou estão negociando salários bem abaixo do que recebiam no clube mineiro. Isso é uma demonstração de como a agremiação celeste era um exemplo de gestão do futebol que pagava valores irreais sob o ponto de vista de mercado.

Vejamos caso por caso. O meia Rodriguinho acabou de acertar com o Bahia onde terá um dos maiores salários do elenco. Pois bem, ganhará menos da metade do que os R$ 800 mil que faturava no Cruzeiro, segundo apurou o blog.

Já o meia Thiago Neves estava entre um dos cinco maiores salários do Cruzeiro. Fechou com o Grêmio por valores entre R$ 200 mil e R$ 300 mil, mais variáveis.

Fred era o segundo jogador mais bem pago do futebol brasileiro. Há um consenso entre o atleta e o clube de que a dívida com ele chega a R$ 30 milhões. O centroavante ainda não acertou com um novo clube. Mas a proposta do Fluminense que está na sua mesa não chega nem perto do que o atacante ganhara no time mineiro.

Dedé não aceitou reduzir salário e até agora não achou quem pague o que deseja. O Vasco fez uma proposta que era algumas vezes menor do que seus vencimentos originais e a negociação travou. Isso para não falar de jogadores como Henrique e Egídio que também saíram para ganhar menos no Fluminense. Talvez o único que tenha mantido salários próximos do que ganhava foi Pedro Rocha, agora no Flamengo.

Há duas lições sobre o caso do Cruzeiro. Uma é óbvia: um clube não deve se comprometer com salários maiores do que cabem no seu orçamento de receitas fixas. A agremiação mineira estabelecia seus gastos sem um mínimo lastro em renda, apostava em título da Copa do Brasil, venda de atletas ou crescimentos de sócios-torcedores.

A segunda constatação: dirigentes de futebol estabelecem salários de jogadores sem pensar na realidade de mercado e quanto cada um vale. Simplesmente, aceitam montantes polpudos para fechar o mais rápido e atender à torcida. É claro que houve alguma desvalorização dos atletas cruzeirenses pelo rebaixamento. Mas seus acertos posteriores mostram que ninguém estava disposto a pagar aqueles valores oferecidos pelo time mineiro.

E é preciso ressaltar que, embora seja um caso extremo de gastança desenfreada, o Cruzeiro está longe de ser o único clube que paga salários irreais a jogadores. O mercado é bem inflacionado para a qualidade de futebol vista em campo.