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Rodrigo Mattos

Como é plano de canal pago da Conmebol da Libertadores para atrair público

Jogadores do Palmeiras comemoram gol de Willian contra o Bolívar (BOL) em jogo da Copa Libertadores - David Mercado - Pool/Getty Images
Jogadores do Palmeiras comemoram gol de Willian contra o Bolívar (BOL) em jogo da Copa Libertadores Imagem: David Mercado - Pool/Getty Images

17/09/2020 04h00Atualizada em 17/09/2020 15h11

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Na véspera da reestreia da Libertadores, a Conmebol anunciou a criação de canais pagos no Brasil para a transmissão de jogos que antes eram do Sportv, além de todas as partidas da Sul-Americana. Foram viabilizados em parceria com as operadoras Claro e Sky, e com o canal Bandsports. A questão para o torcedor ou telespectador é como vai funcionar e se vale a pena pagar R$ 39,9 mensais por esses canais?

Primeiro, o modelo envolve quatro canais que foram registrados com os nomes de Conmebol TV nos órgãos reguladores brasileiros. Pertencem à Bandsports que também faz a estrutura de narração e comentários - as imagens vêm de produtoras da Conmebol.

Surgiu uma desconfiança dentro da Globo se havia uma burla à Lei de TV Paga que proíbe que operadores de TV a cabo comprem conteúdos de eventos brasileiros. Seria uma repetição da discussão que ocorre com a Turner que pertence ao mesmo grupo da Sky (AT & T). Mas as operadoras rechaçam isso.

"Não estamos fazendo nada diferente. Contratamos um canal pago que é da Bandeirantes, grupo tradicional, e estamos distribuindo esse canal de pay-per-view. Talvez tenha gerando ruído porque alguém tenha ficado descontente porque desistiu da Conmebol e surgiram outras empresas que compraram os direitos. Esse é o ponto", diz o vice-presidente de Regulatório da Claro, Oscar Petersen. A Sky tem a mesma posição, ressaltando que a programação é da Band, e as operadoras só distribuem.

A Bandsports, de fato, tem o registro na Ancine dos quatro canais da Conmebol TV. Foram criados quatro canais porque pode haver uma oferta de jogos simultâneos.

Segundo Fernando Magalhães, diretor de programação e de conteúdo da Claro, os canais foram uma forma de oferecer os jogos que sairiam da grade para os assinantes. "Com a devolução dos jogos, e do Sportv, o nosso assinante não estaria vendo os jogos. A gente aceitou essa proposta feita pela Band para ter o produto e oferecer", disse Magalhães.

Em relação ao preço, foi estabelecido de acordo com necessidade da Conmebol de atingir determinado patamar de receita - que não é revelado - em conjunto com a experiência das operadoras. Há uma repartição da renda entre as operadoras e a Conmebol.

"É um produto novo. (A Conmebol) Vai ter que descobrir junto com a gente se o preço é esse ou é diferente", analisou Gustavo Fonseca, chefe de marketing da Sky. " A gente tem uma experiência de produtos à la carte. Foi o valor que sugerimos para poder fazer e vender. Vamos analisar na frente se haverá promoção. O Premiere custa mais do que isso (pacote de jogos do Brasileiro da Globo)", completou Fernando Magalhães, diretor de programação da Claro.

A estratégia para convencer o público brasileiro é a inclusão de um bom número de jogos de times nacionais. Na atual edição, serão 37 jogos da Libertadores, o que inclui alguns brasileiros de acordo com a ordem de escolha.

A Fox Sports tem a primeira opção e, na sequência, as alternativas ímpares (3a, 5a, 7a, etc), a Conmebol TV, as escolhas pares (2a, 4a, 6a, etc). Santos e Athletico-PR já jogaram na Conmebol TV, de forma gratuita na estreia. Na próxima semana, já será pago. Para a edição da Libertadores de 2021, serão 61 jogos da Libertadores.

Uma outra aposta é a Sul-Americana inflada com times brasileiros. Na atual temporada, só sobraram Vasco e Bahia após seguidas eliminações de outras equipes. Mas, para a próxima temporada, há uma previsão de 157 jogos e pelo menos seis times nacionais garantidos, além dos eventuais eliminados da Libertadores.

Há um plano de reformular a competição com inclusão da fase de grupos, o que evitaria as eliminações precoces. Assim, os canais da Conmebol já passam a ter 36 partidas de clubes do Brasil na Sul-Americana. Na estimativa total, com classificações de times a fases posteriores, a ideia é ter entre 50 e 60 jogos com representantes brasileiros nos canais.

"A gente está vivendo um ano atípico. Tem menos jogos, menos times. Tem maior adensamento em todos os jogos. São poucos meses. Esse ano de 2020 vai ser atípico. Sul-Americana tem valor de 2021", reconheceu Fernando Magalhães, da Claro.

Outra possibilidade é a inclusão de mais competições dentro do pacote da Conmebol TV. "Nós ainda não sabemos se eles vão querer fazer ofertas de outros produtos dentro desses canais", contou Gustavo Fonseca, da Sky. "O que eles disseram é que tem o propósito de crescer o negócio do futebol no Brasil. Se organizar com uma base grande de assinantes, atende quem tem interesses diversos."

Esse cenário de novidade é porque não há experiência similar de uma entidade criar canais próprios dentro do Brasil só para suas competições em vez de revender os direitos. "Tem nas ligas americanas como na NBA. A NBA se o cara quiser ele tem uma enxurrada de jogos no streaming, e isso não impede a venda para canais. Confesso que essa é uma indústria que está em transformação", completou Fonseca.

Não será fácil atingir os valores de arrecadação gerados pela Sportv e DAZN. Incluindo a TV Aberta, que era mais valiosa, a Globo pagava US$ 60 milhões pelos seus jogos da Libertadores. O valor destinado pela DAZN para a compra da Sul-Americana não é conhecido, mas a competição tinha uma receita total superior a US$ 40 milhões incluindo TV, patrocinadores e a realização da final única.

Já o Premiere do Brasileiro gera receita em torno de R$ 1,5 bilhão, com um pacote de jogos mais robusto, incluindo a maioria das 380 partidas da Série A, todas da Série B, Copa do Brasil e boa parte dos Estaduais.