Por que a CBF tem muito a perder com mais jogos da seleção na TV Brasil
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Foi de última hora que a CBF decidiu comprar os direitos do jogo da seleção com o Peru e repassa-los à TV Brasil. Sua expectativa era de que uma emissora privada fecharia a aquisição para transmissão em TV Aberta. A solução de emergência representará um prejuízo para a confederação caso se repita em outras partidas, sendo benéfica apenas para o governo de Jair Bolsonaro.
Há sete jogos da seleção em eliminatórias para Copa sem transmissão para o Brasil definida, sendo a primeira delas diante do Uruguai, em novembro. Essas partidas têm os direitos vinculados à Mediapro que cobrava US$ 2,5 milhões por jogo, valor que nem Globo, nem SBT, nem Band toparam pagar.
A CBF decidiu comprar o jogo mais barato e ceder as imagens à TV Brasil em acordo com o governo federal. A "Folha" publicou que o jogo diante do Peru faz parte de um plano do governo federal de uso político da seleção. Mas, para a CBF, a repetição do cenário pode gerar prejuízos. Veja por que:
Gasto em vez de lucro
A CBF é vendedora de direitos de jogos, e não compradora. Suas partidas nas eliminatórias em casa foram negociadas com a Globo por um valor entre US$ 2 milhões e US$ 3 milhões, em acordo que também envolve amistosos. Em seu balanço, há registro de ganhos de mais de R$ 100 milhões em direitos de televisão, dependendo do ano.
Na partida contra o Peru, a CBF teve de gastar com a compra dos direitos, embora em valor menor do que o que pagaria a Globo. Além disso, teve de fazer uma produção da transmissão. Ou seja, perdeu dinheiro com a partida.
Valor da cota por jogo afetado
O fato de nenhuma emissora de TV Aberta ter fechado acordo para transmissão do jogo tem como explicações o dólar alto, a pedida da Mediapro e a crise econômica do coronavírus. Porém, quando se paga um valor mais baixo pelo jogo, cria-se uma nova referência mesmo que tenha só para exibição só TV pública. E, se ninguém quer comprar um direito pelos valores de mercado, significa que ele se desvalorizou.
A CBF já vendeu seus jogos em casa até 2022 em contrato com a Globo. Mas, a partir daí, haverá nova negociação e concorrência de televisões que pode ser influenciado pela plataforma onde está sendo exibido o time.
É importante ressaltar que o Esporte Interativo Plus teve recorde de assinatura e audiência em um dia com o jogo da seleção. Ou seja, isso indicou que a CBF pode explorar outras plataformas em paralelo. Mas ainda não há um modelo para gerar renda com transmissão de jogo que supere a TV Aberta para a seleção. Pode ser que no futuro ocorra.
Política envolvendo a seleção
A TV Brasil foi uma plataforma que se encaixou na solução de emergência da CBF já que seu alcance é em todo o território nacional. Mas, ao mesmo tempo, a seleção foi usada como peça de propaganda política do governo do presidente Jair Bolsonaro. Isso nunca aconteceu em um governo democrático brasileiro, apenas na ditadura na década de 70.
Pois bem, a seleção vive de imagem e associa-la a um político vai agradar seus apoiadores e irritar quem não gosta dele. Bolsonaro vive uma fase de popularidade segundo as últimas pesquisas de opinião pública. Mas ainda tem rejeição da população na faixa de 30%, número que pode subir ou descer durante seu mandato. Com a associação, a seleção pode gerar descontentamento nesta fatia da população.
Menor exposição de patrocinadores
Os jogos da seleção são habitualmente exibidos pela Globo que comprou seus direitos até 2022. Na emissora, as audiências giram em torno de números pouco abaixo de 30 pontos. Na TV Brasil, a medição foi de média de 3 pontos por Ibope, isto é, 10 vezes menor. Uma divulgação com maior antecedência poderia melhorar esse número, mas não cobrir essa enorme diferença.
Os patrocinadores da CBF ficaram satisfeitos pelo fato de o jogo diante do Peru passar na TV Aberta. Mas, se o time passar a ter mais exibições em TV com baixa audiência, serão afetados.
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