Clubes deixam de receber R$ 600 milhões de renda de TV em 2020 por pandemia
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Os clubes brasileiros não receberam em torno de R$ 600 milhões de renda de TV prevista para 2020 por conta da pandemia do coronavírus. Isso afetou consideravelmente os cofres das agremiações gerando atrasados em pagamentos. A maior parte desse dinheiro entrará no próximo ano, mas uma fatia foi perdida com queda de arrecadação.
O problema foi a paralisação de três meses das competições com a proibição do futebol no início da pandemia do coronavírus. A volta das competições nacionais se deu em agosto, mas os campeonatos se estenderão até fevereiro do próximo ano. Isso afetou vendas de pacotes de pay-per-view e o cronograma de pagamentos da Globo.
Inicialmente, a emissora manteve repasses para os clubes durante o período de paralisação: pagava 30% do dinheiro das parcelas do Brasileiro. Os pagamentos começaram a se normalizar em agosto com a retomada do campeonato.
No total, a Globo e a Turner destinam R$ 1,1 bilhão pelos direitos do Brasileiro nas TV Aberta e Fechada. No caso da emissora carioca, o dinheiro é dividido em 40% com cotas iguais para os clubes, 30% em premiações por posições e 30% por exibição de jogos em TV Aberta e TV Fechada.
Essa primeira fatia igualitária será toda quitada em 2020. Mas o dinheiro repassado por posição no campeonato dado pela Globo e Turner só será pago no final do campeonato em fevereiro/2021: dá um total de R$ 330 milhões. Já os pagamentos por exibição são distribuídos mês a mês, de acordo com aparições dos times na telinha. Assim, estima-se que R$ 94 milhões serão distribuídos só no próximo ano.
No caso do ppv, os repasses também são mensais. Além disso, com as paralisações do campeonato, houve perda de assinantes de quase um quarto dos 2 milhões de assinantes. Com a volta do Brasileiro, houve uma recuperação, embora não seja possível dizer agora se foi suficiente. É certo que o bolo total, que antes girava em torno de R$ 1,5 bilhão vai cair. Assim, será reduzida a fatia dos clube que é de 38% do total.
Além disso, com os pagamentos mensais, dá para estimar que em torno de R$ 140 milhões só serão pagos no próximo ano, em que haverá dois meses de Brasileiro. Calculou-se esse valor em uma arrecadação que daria R$ 500 milhões aos clubes, fruto da queda da venda de ppv.
Além do Brasileiro, verbas de TV de premiação da Copa do Brasil também ficarão para o próximo ano quando serão realizadas as finais. São R$ 74 milhões dados ao campeão e ao vice da competição. No total, pelas duas competições, os clubes deixam de receber R$ 640 milhões nesse ano, em valores que em geral chegavam para pagar décimos terceiro salários e fechar o ano.
Os próprios balanços dos clubes brasileiros registram que houve queda nas receitas com televisão nesta temporada. Uma pesquisa na conta de seis times até setembro - Flamengo, Fluminense, Vasco, Grêmio, Corinthians e Santos - já mostra o reflexo dessa diminuição de renda. Dos seis, só o tricolor carioca manteve um patamar de receita de TV similar ao ano passado.
A agremiação rubro-negra registra R$ 72 milhões a menos das diversas rendas de televisão em relação a setembro de 2019. Já o Grêmio arrecadou com televisão R$ 25 milhões a menos do que o previsto em seu orçamento até o terceiro trimestre. No caso vascaíno, foram R$ 21 milhões a menos no mesmo período. E o Corinthians, proporcionalmente, também recebeu menos do que no ano passado.
Uma estratégia dos clubes é postergar pagamentos como direitos federativos para a próxima temporada. Mas há compromissos como salários que não podem ser adiados.
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