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Rodrigo Mattos

STJD analisará possível ofensa a Bruno Henrique e quer provas sem "dúvida"

Bruno Henrique, do Flamengo, e Ramírez, do Bahia, discutem - Reprodução TV Globo
Bruno Henrique, do Flamengo, e Ramírez, do Bahia, discutem Imagem: Reprodução TV Globo

23/12/2020 04h00

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A procuradoria do STJD admite analisar a possível ofensa racista de Índio Ramirez, do Bahia, ao atacante Bruno Henrique, do Flamengo, durante jogo entre os dois times. O parecer encomendado pelo Flamengo que aponta a injúria, feito por especialistas, é aceito como prova no tribunal, mas não pode deixar dúvidas sobre as falas. O jogador do time baiano nega qualquer ato racista na partida.

Por pedido da CBF, a procuradoria do STJD já analisava a questão de Gerson e buscava provas. A questão é que nenhuma das imagens da transmissão da TV Globo mostra de forma clara o momento em que Ramirez falou algo para volante rubro-negro que fica revoltado. Não dá portanto para ter uma leitura labial.

Nesta terça-feira, o caso teve um novo episódio com um vídeo que mostra uma discussão entre o jogador do Bahia e de Bruno Henrique, posterior ao momento da primeira acusação de Gerson. O Flamengo obteve um parecer do Instituto Nacional de Educação de Surdos que aponta uma injúria racial de Ramirez contra o atacante rubro-negro.

Pelo parecer feito pelo instituto, o atleta do Bahia afirma em espanhol: "Está falando muito, seu negro". Por meio de sua assessoria, Bruno Henrique informou não se recordar de ter ouvido ser chamado de negro por Ramirez. A cena mostra que o atleta rubro-negro está discutindo com dois jogadores do Bahia ao mesmo tempo.

"Se não houver prova suficiente, a Procuradoria pedirá abertura de inquérito para apurar os fatos e verificar a existência de provas", disse o procurador-geral do STJD, Ronaldo Piacente, sobre o caso Gerson. E afirmou que será feito o mesmo com Bruno Henrique, mas ainda não tinha recebido a denúncia do Flamengo.

Segundo Piacente, caberá a auditor do tribunal designado como relator decidir se as duas apurações ocorrerão separadas ou juntas. Piacente informou que é possível usar parecer de especialistas como prova.

"Sim, é aceito mas em algumas ocasiões deixa dúvidas. Não pode haver dúvidas. Tudo deve ser analisado mediante um conjunto de fatos e provas", afirmou ele.

Caso entenda que houve as injúrias raciais, a procuradoria pode denunciar Ramirez no artigo 243 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Neste caso, ele pode ser suspenso de cinco a dez jogos.

Procurado, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani disse que só tinha tomado conhecimento do caso de Bruno Henrique pelo twitter. E não deu nenhuma posição do clube sobre o caso. Ramirez nega ter praticado qualquer racismo em todos os momentos do jogo.