Topo

Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Flamengo gruda no Inter na tabela após aposta de Ceni com Arão na zaga

Willian Arão durante treino do Flamengo após lesão na coxa direita - Alexandre Vidal / Flamengo
Willian Arão durante treino do Flamengo após lesão na coxa direita Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo

05/02/2021 03h59

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Não foi bom o início do trabalho de Rogério Ceni. Sua tentativa de replicar o modelo de Jorge Jesus não era bem-sucedida porque, bem, ele não é Jesus. Com seu time estagnado e sem ideias, o treinador procurou uma mudança com a improvisação de Arão na zaga, e Diego de primeiro volante. Foi dessa forma que o time subiu na tabela e grudou no Inter ao bater o Vasco.

Isso não significa que o Flamengo está voando em direção ao título Brasileiro. Claro que não. É um time ainda instável, que cai de rendimento no segundo tempo e tem jogos duros pela frente. E Ceni ainda comete vários pecados, longe de ter montado um time brilhante.

Mas, no momento em que seu time estava perdido, encontrou uma solução tática interessante. Recuou Arão para a zaga e Diego para atuar de volante ao lado de Gerson.

Essa modificação ocorreu a partir do jogo com o Palmeiras. Já naquele jogo o Flamengo dominou no primeiro tempo, finalmente exerceu a marcação pressão como na época vencedora e enfileirou chances de gol diante de um rival duro. É certo que houve uma queda física posterior ao intervalo, mas o time melhorou.

Por que? Arão tem uma saída de bola melhor, o que reduziu a quantidade de erros nessa jogada. Seu passe é mais vertical o que acelera o jogo rubro-negro e ele sobe melhor para marcar na frente quando o time tem que recupera-la no ataque. Tudo isso vale também para Diego como volante. O time recupera a bola mais na frente e qualifica seu passe desde trás.

Foi assim diante do Vasco. Luxemburgo armou o seu time para só se defender com duas linhas de quatro, formação que impunha dificuldades ao time rubro-negro. A marcação pressão e a aceleração do jogo ajudaram o Flamengo a abrir brechas diante do rival. Foram três boas chances de gol até sair o primeiro tempo com Gabigol de pênalti - em lance que Rafael Klaus decidiu não dar o segundo amarelo e expulsar Léo Mattos.

Para a volta do intervalo, Luxemburgo fez três substituições que jogavam o Vasco para frente (Catatau, Carlinhos e Juninho) e tentavam pressionar o Flamengo. Corrigia um erro do primeiro tempo em que abdicou do jogo, embora tirasse seu jogador mais criativo, Benítez. Não dá para dizer que descarta vender o Flamengo porque está em "outro patamar" como afirmou o técnico na coletiva após o jogo. O Flamengo é superior, bastante, mas esse é um discurso para se livrar da responsabilidade por seus erros.

As substituições de Ceni também estiveram longe de ser brilhantes. Acertou com as entradas de João Gomes e Pepê, necessários para dar fôlego e por contusão de Gerson. E Arrascaeta já estava se arrastando quando Vitinho o substituiu. Mas Gabigol vinha bem e sua saída, de novo, provocou mal estar.

No geral, sua armação do time deu resultado. E o Flamengo tem tido desempenho melhor do que o líder Inter nas últimas rodadas. Basta dizer que a equipe colorada atuou dois jogos apenas se defendendo, dando a bola para Red Bull Bragantino e Athletico, como se fosse time pequeno e não líder. É a fórmula de Abel, sabemos, mas isso já é um exagero. Tanto o Inter pode fazer mais que marcou na frente e atacou o São Paulo na goleada que impôs ao então líder.

Resta saber até o final do campeonato: 1) se o Flamengo terá a consistência com nova formação de Ceni 2) até onde o Inter que joga a maior parte do tempo entrincheirado consegue vencer no limite. Essas duas respostas vão determinar o destino do Brasileiro.