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Gabigol no cassino reforça argumento para suspender futebol na pandemia
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Há uma discussão em curso sobre a validade da manutenção do futebol em um quadro grave da pandemia de coronavírus no Brasil, uma tragédia. Há bons argumentos a favor de parar e de seguir com o jogo. Um episódio como a presença de Gabigol em um cassino fechado com mais de 200 pessoas aglomeradas reforça a posição de paralisar o esporte no Brasil.
Um incauto perguntará: por que um jogador deve determinar o destino de todo um esporte? Bem, iniciemos pelo básico, didáticos, repetitivos, como se estivéssemos em uma escola infantil. A continuidade da bola em meio ao caos —2 mil mortes por dias de Covid— é uma concessão da sociedade para o futebol.
Não é uma atividade essencial, mas não merece quebrar, e alimenta lá seus corações durante a melancolia que viveremos. Ora, se for feita sem risco, sem possibilidade de piorar o quadro, por que não permitir que o futebol continue? Sim, é péssimo o simbolismo de ter uma bola rolando enquanto pessoas morrem aos milhares. Mas há as alegações pertinentes sobre salvar o esporte da quebradeira.
Para embasar isso, há o argumento da CBF de que a atividade é praticada com risco mínimo. A entidade criou protocolos e pesquisas, referendadas por infectologistas reconhecidos, que provam que os jogos podem ser praticados com risco bastante reduzido. Seguidos os protocolos - ora, os protocolos -, é possível ter uma atividade segura, segundo demonstrou a CBF durante a semana para manter sua atividade.
A questão é que a própria CBF reconhece como falha o descumprimento sistemático de regras por parte dos jogadores, parte principal desse xadrez. O médico da confederação Jorge Pagura admite que houve um "relaxamento geral" durante o Brasileiro 2020. Não foram poucos os surtos. O protocolo da confederação não é imune a atitudes fora do ambiente do clube
Aí o principal jogador atuando no país, Gabriel Barbosa, aparece em um cassino clandestino em ambiente fechado, com mais de 200 pessoas. Sua presença no local já torna quase inútil qualquer protocolo da CBF, ou da Ferj, ou da FPF. Nesta segunda-feira (15), quando se reapresentará ao Flamengo, pode estar infectado (ou novamente infectado no seu caso) e espalhar um novo surto sobre seu elenco.
E o que faz o Flamengo? Lembremos que é o clube que diz que tem protocolos bem elaborados desde o início da pandemia. Bem, o Flamengo, na voz de seu vice-presidente jurídico, Rodrigo Dunshee de Abranches, afirma que é "um assunto pessoal", em entrevista ao colega Mauro Cezar Pereira. Ou seja, não haverá punição nenhuma e, portanto, todos os outros atletas têm aval para fazer o mesmo em sua folga. O clube joga por terra todos os seus próprios protocolos para mimar sua estrela, que se dane a disciplina.
Não é uma exceção. Houve seguidos surtos em times de futebol no Brasil desde o início da pandemia. Só o Corinthians teve duas contaminações em massa internas, é uma segunda onda. Quando houve episódios de atletas flagrados em aglomerações, não houve punições na maioria dos casos.
À TV Globo, Gabigol reconheceu que "faltou sensibilidade" ao ir "jantar" em um cassino. E afirma não ter cometido deslizes durante a pandemia. Cabe a cada um acreditar ou não nele. Certeza é de que o atacante rubro-negro é mais um caso, já que se acumularam casos de jogadores durante o Brasileiro 2020. O centroavante rubro-negro é só o mais emblemático.
No final das contas, a passada de pano dos clubes mostra que esses não estão realmente comprometidos com protocolos ou com minimizar o impacto da Covid na sociedade. Seus protocolos são só para inglês ver, um escárnio como Gabigol dizendo que foi jantar em um cassino.
A sociedade deu um aval para o futebol continuar jogando em meio à tragédia. Em troca, o futebol cuspiu na cara da sociedade.
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