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Rodrigo Mattos

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Dívida do Flamengo cresce com déficit em 2020 e exige contenção de gastos

Compra de Gabigol gera parte de aumento de dívida - Marcelo Cortes/Flamengo
Compra de Gabigol gera parte de aumento de dívida Imagem: Marcelo Cortes/Flamengo

02/04/2021 04h00

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Publicado nesta quinta-feira (1º), o balanço de 2020 do Flamengo revela um aumento da dívida líquida de R$ 171,5 milhões principalmente por causa de contratações de jogadores. Esse crescimento do endividamento foi resultado de uma arrecadação abaixo do previsto por causa da pandemia do novo coronavírus e transferência de receitas para 2021 que geraram um déficit. O débito total está em um nível controlado considerando o tamanho da receita do clube, mas exige contenção de gastos pelo equilíbrio de contas.

Ao final do ano de 2020, o Flamengo fechou com uma dívida líquida de R$ 681 milhões. Esse valor era de R$ 509 milhões no balanço do ano anterior. Ressalte-se ainda que cerca de R$ 100 milhões desse passivo são meramente contábeis referentes a luvas de televisão recebidas pelo Brasileiro.

A dívida é pouco superior à receita do ano passado do Flamengo: R$ 669 milhões. No balanço, o presidente rubro-negro, Rodolfo Landim, afirma: "mantivemos nosso grau de endividamento em níveis compatíveis com a nossa capacidade de pagamento". A receita foi inferior ao projetado também porque parte das receitas de televisão só vieram a ser recebidas em 2021 com o final do Brasileiro. Considerado o valor ajustado, o clube estima que arrecadou R$ 756 milhões referentes à temporada do ano passado, ou seja, estaria acima do valor da dívida líquida.

O crescimento do débito rubro-negro se deu principalmente por causa das contratações como Gabigol, comprado a Inter de Milão. O Flamengo tem a pagar R$ 270 milhões por contratações. Desse total, R$ 170 milhões têm que ser quitados ainda neste ano, isto é, curto prazo. Neste valor, não está incluído Pedro, que foi comprado de forma parcelada à Fiorentina por R$ 88 milhões em 1º de janeiro de 2021.

Do outro lado, o clube tem a receber R$ 99 milhões em transferências durante o ano de 2021. Pelo orçamento rubro-negro, o Flamengo terá de vender justamente em torno de R$ 60 milhões e R$ 70 milhões no meio do ano, o que dá a diferença entre os dois números. Neste valor de dinheiro a receber, não estão incluídas as vendas de atletas no início do ano - Yuri César, Natan, Lincoln - que somadas geram um valor pouco inferior ao investido em Pedro.

Depois de anos seguidos de superávit, o Flamengo fechou 2020 com prejuízo por causa da pandemia: foram R$ 106 milhões de déficit. Há três pontos principais para explicar: 1) perdas de receitas de matchday (bilheteria e sócio-torcedor). 2) transferência de pagamentos da televisão para 2021. 3) prêmios na Libertadores e Copa do Brasil abaixo da meta prevista.

Mas é clara a necessidade de contenção de gastos, como já vem sendo feito pela diretoria rubro-negra, para evitar o crescimento da dívida. As despesas operacionais caíram de R$ 666 milhões (2019) para R$ 552 milhões (2020). Houve corte na folha salarial e economia com operações de jogo já que não houve público. Nem assim foi possível evitar o déficit por causa da queda da receitas.

Por isso, na temporada 2021, o clube não tem previsão de outras contratações grandes. E houve necessidade de evitar novos gastos: um exemplo foi a desistência da contratação do lateral Rafinha.

Neste cenário mais apertado, o Flamengo tem priorizado o caixa para quitar todos os seus compromissos. O EBITIDA (geração de caixa) ficou em R$ 170 milhões. Esse índice mede a capacidade de investimentos e pagamentos de uma empresa ou clube. Ou seja, se não há como investir mais agora, também não há necessidade de um desmonte do time rubro-negro.