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Governo aprova Copa América sem protocolo sanitário ou plano detalhado
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O governo de Jair Bolsonaro aprovou a realização da Copa América no Brasil sem um protocolo sanitário por causa da pandemia do novo coronavírus. Também não havia um plano detalhado da competição. O cenário é oposto ao que ocorreu na Argentina onde havia exigências duras do governo federal para realizar o torneio integralmente. No final, o país desistiu.
A Conmebol pediu à CBF para o Brasil receber a Copa América no domingo à noite. Na manhã de segunda-feira, houve uma ligação do presidente da CBF, Rogério Caboclo, para Bolsonaro. Ele deu aval.
Em seguida, ainda de manhã, com aprovação do seu Comitê Executivo, a confederação sul-americana anunciou a Copa América no Brasil sem sedes definidas. Informou que tinha aval do Ministério da Saúde.
Mas o Ministério da Casa Civil explicou que apenas na tarde de segunda-feira a CBF apresentou um plano que seria a competição com 10 delegações com 65 pessoas cada uma. Afirmou que todas as delegações seriam vacinadas. Um detalhe: não há mais tempo hábil para vacinar com duas doses todos os participantes do torneio. Faltam só 12 dias para o início da competição, e são necessárias no mínimo três semanas entre as doses. Também não há permissão de vacinação privada pela lei brasileira. Na reunião, havia representantes do Ministério da Saúde, Infraestrutura e Justiça.
Nem a Casa Civil nem a Saúde falavam sobre protocolos sanitários porque não havia proposta formal da confederação para a competição. E continuou a não haver nenhum documento enviado ao governo até cerca de 15 horas de terça-feira. Ainda assim, no final da tarde, Bolsonaro anunciou a aprovação da competição com sedes no Distrito Federal, Goiânia, Cuiabá e Rio de Janeiro.
No evento, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou: "Presidente recebeu essa demanda, achou por bem que nosso país poderia ser a sede da Copa América. Incumbe os ministros, no caso o Ministério da Saúde, a elaborar protocolos seguros para garantir que esse campeonato possa acontecer dentro de condições sanitárias rigorosamente validadas. E trazer alegria para o povo brasileiro que ama futebol. Então, seguindo as recomendações de vossa excelência, o Ministério da Saúde elaborará juntamente com as autoridades dos Estados [o protocolo]." Ou seja, o protocolo ainda será feito o governo.
O processo é o inverso do que ocorreu na Argentina. Após a Colômbia sair da organização do torneio, a Conmebol propôs ao país receber o torneio integralmente. Foi marcada uma reunião no dia 26 de maio entre o governo argentino e representantes da Conmebol. Estavam presentes os presidentes da entidade, Alejandro Dominguez, e o presidente da República, Alberto Fernandez.
Ao final do encontro, a Conmebol publicou um comunicado: "O governo argentino apresentou à CONMEBOL um protocolo rigoroso para a CONMEBOL Copa América 2021, a ser realizada no país". O "La Nacion" noticiou que, entre os protocolos, havia a obrigação de que todos os viajantes ao país estivessem vacinados. Também havia intenção de que todos fizessem testes de PCR todos os dias.
Ainda assim, o governo argentino pediu dois dias para avaliar o caso. Ao final, negou a realização do torneio, o que levou ao desenlace da competição para o Brasil.
Além da falta de protocolos, o Brasil também aprovou a competição sem um plano detalhado de como realiza-la. O Rio de Janeiro foi anunciado como sede da competição. A gestão do Maracanã não tinha sido contatada pela Conmebol ou pela CBF.
Os planos de que estádios seriam utilizados foram traçados durante a segunda-feira e a terça-feira. As escolhas foram de acordo com os Estados que permitiram a realização de partidas, evitando-se estádios usados por times das Série A do Brasileiro.
Bolsonaro anunciou os Estados que receberiam os jogos antes da Conmebol, que é a organizadora do torneio. Não deu nenhum detalhe sobre quais seriam os estádios que foram informados, nos bastidores, por dirigentes.
Questionada, a Conmebol não respondeu como faria a vacinação de participantes do torneio a apenas 12 dias do início. A entidade conta com 50 mil doses doadas pela Sinovac. Em declaração em redes sociais, o presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, prometeu "protocolos sanitários rígidos alinhados com as autoridades de saúde".
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