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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Na Amazon, pay-per-view do Brasileiro muda fatia da renda paga aos clubes

Emiliano Rigoni, do São Paulo, no clássico contra o Santos pelo Brasileirão - Rubens Chiri/São Paulo FC
Emiliano Rigoni, do São Paulo, no clássico contra o Santos pelo Brasileirão Imagem: Rubens Chiri/São Paulo FC

23/06/2021 04h00

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A Globo anunciou uma parceria com a Amazon para venda do pay-per-view do Brasileiro dentro do sistema da gigante norte-americana. O objetivo é gerar novo meio para venda do produto no momento em que cai o número de assinantes nas operadoras de TV a Cabo. Há um detalhe: a distribuição de dinheiro para clubes muda para os pacotes negociados nas plataformas.

Até agora, a Globo distribuía o ppv no Brasileiro por meio das operadoras Claro e Sky, telefônicas, Globoplay ou diretamente por meio de streaming de ppv. Há queda de assinantes de TV a Cabo que estão na casa de 14 milhões — já tiveram 20 milhões no auge. Como consequência, o ppv vai junto.

Como a venda de streaming direto do ppv não decolou, faz sentido usar a base de assinantes da Amazon que é uma das maiores plataformas de venda online. Assim, a Globo tenta compensar as perdas dos assinantes de operadoras.

"Estamos sempre analisando o mercado em busca de boas oportunidades para o desenvolvimento do futebol. O movimento é mais um passo importante para o fortalecimento de parcerias da Globo no Esporte e amplia as janelas de distribuição do Premiere para que o torcedor possa acompanhar seu clube nas principais competições nacionais, em modelo similar ao já praticado com as operadoras", explicou a Globo, por meio de assessoria.

Ou seja, a Globo divide receitas com a Amazon assim como faz com as operadoras. Os percentuais não foram informados. Questionada, a Amazon informou que não se pronunciaria sobre o negócio.

A Globo não tinha obrigação de ouvir os clubes sobre a parceria porque detém os direitos de ppv. O contrato do Brasileiro prevê que ela pode ouvir a opinião das agremiações. Segundo a emissora, a receptividade nos clubes foi "muito boa". De fato, três dirigentes ouvidos pelo blog não fizeram reclamações.

Os clubes, de fato, ganharão mais com a venda de pacotes. "Como o serviço funciona como uma espécie de bilheteria virtual, com os clubes sócios das receitas geradas pelo Premiere na Série A, quanto maior a abrangência do serviço, melhor remunerados eles são", diz a Globo.

A questão é saber qual a fatia que chegará de fato aos clubes. Pelo contrato, ao qual o blog teve acesso, as agremiações ficam com 38% da arrecadação bruta do ppv na venda por operadoras.

O acordo entre Globo e clubes coloca outra possibilidade: "desenvolver serviços de disponibilização dos jogos diretamente para os usuários finais para acesso aos jogos sob demanda, por assinatura e compra avulsa, via internet ou qualquer outra plataforma". Nesta hipótese, encaixa-se a venda direta de streaming e pela Amazon.

Neste caso, os clubes ficam com 50% da receita líquida da venda do ppy. Ou seja, a fatia das agremiações depende dos custos da Globo, incluindo o acordo comercial que tenha sido firmado com a Amazon e de venda. Se os custos forem baixos, os clubes podem ganhar mais. Caso sejam altos, devem ficar com uma fatia menor.

Clubes como Flamengo, Corinthians e Grêmio, que têm mínimos garantidos de contrato, não devem ser afetados. Afinal já sabem o valor que terão ao final do ano a não ser que a arrecadação seja bem mais alta e supere o patamar garantido. Outros clubes, no entanto, podem ter variações. Já houve discussões entre agremiações e Globo sobre custos e receita de streaming.