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Como são as opções da Liga para receber investidores e multiplicar receitas
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Em reunião em São Paulo, a Liga de clubes das Série A e B deu seus primeiros passos para traçar um plano para multiplicar receitas do Brasileiro. O projeto pode incluir a presença de investidores para fazer aportes bilionários aos clubes em troca de participação na liga. Por isso, a entidade se abriu a discutir com consultorias financeiras e de direitos de TV, especialistas em marketing esportivo e fundos. Em paralelo, negocia com a CBF uma transição transparente.
De concreto, o encontro na segunda-feira firmou a adesão de todos os 40 clubes das Séries A e B. E estabeleceu que em 90 dias estará pronta para ser votada a estrutura jurídica da Liga que, provavelmente, será feita por meio de uma associação civil com os times como sócios. A próxima reunião será no dia 22 de julho, em Brasília.
Ao mesmo tempo, a Liga abriu a reunião para ouvir propostas dos grupos KPMG e Dream Factory; da empresa Codajas, do advogado Flávio Zveiter e do ex-executivo da Coca-Cola Ricardo Fort; a empresa Livemode (especializada em direitos de TV) e a consultoria Mckinsey. Também será ouvida a consultoria EY, que atua em vários clubes.
Por trás desses grupos, há o interesse de fundos internacionais, investidores e empresas de mídia que podem fazer aportes na Liga. Entre eles, estão o CVC e Advent. São grupos que aportam dinheiro em ligas da Europa ou em negócios de entretenimento e esporte em geral.
A entrada desses grupos do negócio da Liga dependerá do modelo a ser escolhido pelos clubes. Por enquanto, essas propostas são vistas como ideias iniciais justamente para os clubes decidirem qual será a estrutura. Há uma premissa de plano de negócios longo de até 10 anos para explorar os ativos da Liga.
Atualmente, os Brasileiros das Séries A e B geram em torno de R$ 1,7 bilhão para os clubes, sendo R$ 1,5 bilhão na elite e o restante no contrato da Segundona. A ideia é que, ao se explorar ao máximo o potencial, o Brasileiro possa multiplicar sua receita atual por duas ou três vezes.
A Codajas Sports Capital, grupo de Zveiter e Fort, acenou com a ideia de um aporte para se tornar sócio de até 20% da Liga. Para isso, faria um investimento correspondente a esse percentual de um contrato de 10 anos de receita da Liga. Ou seja, poderia fazer um aporte entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3 bilhões. A empresa da Liga seria avaliada entre R$ 15 bilhões e R$ 18 bilhões.
A ideia deste grupo é fornecer o know-how para a construção da liga com executivos como Rick Perry, ex-executivo da Premier League e atualmente no controle da outras divisões inglesas. Como sócios, ajudariam com o desenvolvimento para aumentar as receitas. O grupo pretende fazer uma proposta formal para a Liga.
Já a KPMG, que auxilia Vasco e Corinthians, propôs uma garantia mínima aos clubes de receita de R$ 1,5 bilhão ao ano. Ou seja, se comprometia a pagar o que existe atualmente. Em troca, daria um aporte de adiantamento neste mesmo valor aos clubes. Acenou ainda com um fundo para pagamento de dívidas a ser descontado das receitas futuras. Isso serviria para ajeitar as contas dos associados. Haverá cobrança pelos seus serviços.
A Codajas também fez uma proposta de extensão do Brasileiro por dez meses. Mas não deve ser uma discussão no momento porque causaria discórdia com times paulistas que, a princípio, querem preservar seu Estadual. A FPF (Federação Paulista de Futebol) apoia veladamente a Liga. A longo prazo, no entanto, a extensão do Brasileiro por dez meses é vista como essencial por pelo menos três clubes ouvidos pelo blog.
Ligada a alguns clubes, a EY também vai apresentar informações sobre modelo de Liga, traçando cenários sobre a estruturação ideal, potencial de crescimento e ideias para formas de maximizar receitas. É possível o assessoramento de fundos que têm contato constante com a empresa para o investimento no Brasil. A EY atua já em assessoria ou consultoria para clubes como o Atlético-MG, Flamengo e Cruzeiro.
A LiveMode (que negocia os direitos do Paulista) e a Mckinsey são candidatas a prestadoras de serviços em suas áreas.
O objetivo dos clubes, neste momento, é mais expandir conhecimento. Nenhuma discussão se aprofundou sobre qual o modelo. Até porque aportes de dinheiro iniciais podem ser interessantes para clubes endividados, mas significam a cessão de ativos futuros da Liga. Alguns dirigentes de times veem como desvantajoso acertar a cessão de direitos antes de ter certeza do potencial.
Um conselho está montado com o Red Bull Bragantino, Palmeiras, Bahia, Cruzeiro e Athletico-PR. Advogados de clubes vão dar a estrutura jurídica da Liga, sendo liderados por André Sica, advogado do Palmeiras e Red Bull.
Os clubes anunciaram a organização do Brasileiro já em 2022, mas há uma forte possibilidade de ser adiado para 2023. Há uma avaliação de que não seria possível estruturar tudo a tempo do próximo Nacional.
A intenção dos membros da Liga é realizar uma transição de forma harmônica com a CBF. Trata-se de uma incógnita porque a confederação vive uma guerra política interna desde o afastamento do presidente Rogério Caboclo, com tentativas de interferência do ex-presidente Marco Polo Del Nero.
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