Por público, Conmebol atropela CBF que vê pressão da Argentina por torcida

A decisão da Conmebol de ter público na final da Copa América - aprovada pela prefeitura do Rio - atropelou a CBF e o governo federal que não sabiam da negociação até o seu final. A medida é vista na confederação como resultado de uma pressão da AFA (Associação de Futebol Argentina) para atender torcida argentina. A AFA já começou a distribuir 2.100 ingressos no Consulado Argentino.

Na semana passa, a Conmebol já tinha tentado um plano para ter público no Maracanã. Inicialmente, a CBF abortou o plano e a secretaria municipal de saúde vetou a proposta de público em geral.

Mas, sem comunicar a CBF, a Conmebol iniciou novo plano paralelo com participação do secretário-geral adjunto, Gonzaga Belloso. E fez nova proposta para a prefeitura do Rio para a presença de 10% do público no estádio, o que dá em torno de 7 mil pessoas. Nesta sexta-feira, a prefeitura do Rio aprovou a medida com testes de PCR para o público.

Avisada de última hora, a CBF ainda nem sabe como fará para distribuir ingressos e garantir que convidados tenham testes de PCR negativos. Há entendimento na confederação de que a presença de público foi articulada por argentinos da AFA e dentro da Conmebol. Faltam menos de 48 horas para o jogo.

Enquanto isso, horas depois da aprovação de público, a AFA já publicou comunicado para que argentinos residentes no Rio de Janeiro possam ir no Consulado para pegar uma das 2.100 credenciais destinadas à entidade. A distribuição será feita em conjunto com o consulado. E há informação de voos fretados de torcedores argentinos previstos para chegar no Rio de Janeiro de convidados da federação. Os números estimados são de pelo menos 500 torcedores vindos do país.

Houve ainda um desgaste com o governo federal que nem foi avisado da presença de público até quinta-feira. Quando o Brasil topou sediar o evento, a Casa Civil soltou um comunicado de que não haveria público no evento. Agora, a Conmebol descumpre essa promessa.

A Argentina desistiu de receber a Copa América justamente alegando riscos pela pandemia de coronavírus.