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Intervenção relâmpago na CBF gera constrangimento e rede de intrigas
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Com Igor Siqueira
Quando aceitaram ser interventores na CBF, assinando documento na Justiça do Rio na segunda-feira, Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e Reinaldo Carneiro Bastos, da FPF, se direcionaram à sede da entidade para efetivar seu poder. Sua atuação como mandatários dentro da confederação, no entanto, durou menos de meia hora. Na prática, não se efetivou.
Às 15h17, o desembargador Luiz Umpierre de Mello Serra suspendeu a decisão a favor da intervenção na CBF. A decisão saiu apenas 17 minutos após o magistrado receber o processo pela distribuição. Fontes na CBF apontavam que sabiam da determinação antes até deste horário.
Landim e Carneiro Bastos estavam na CBF quando receberam a notícia da suspensão da decisão: chegaram a estar reunidos com diretores da CBF na sala da presidência. Houve constrangimento já que o presidente da FPF chegou inclusive com um advogado para assumir o poder. Membros do atual poder da CBF viram no movimento um fiasco. O dirigente rubro-negro optou por se retirar rapidamente, enquanto Carneiro Bastos ficou na confederação conversando com dirigentes de federações. Embora constrangedor, o clima foi de civilidade, segundo presentes.
No momento, Carneiro Bastos está quase isolado de seus pares na entidade. Conta com o apoio apenas de Rubinho, da Federação do Rio de Janeiro. Outros presidentes de federações ficaram incomodados por ele aceitar a intervenção judicial. Há uma desconfiança entre esses dirigentes de que ele atuou para reavivar a ação do Ministério Público do Rio, que estava parada desde 2017. Lembram inclusive que ele desistiu de receber os pagamentos de consultoria da CBF —pagamentos de R$ 1 milhão, segundo o "GE"— pouco dias antes da decisão judicial.
A interlocutores, no entanto, Carneiro Bastos negou qualquer incômodo. Entende que tem boa relação com as outras federações e que sua permanência na CBF após a intervenção fracassada mostra isso.
Do lado de Landim, a ideia é esperar a Justiça, já que não há outro caminho. O presidente do Flamengo tem dividido com outros clubes seus passos para ter respaldo dentro da Liga. Seu discurso tem tido boa ressonância entre dirigentes dos outros clubes. É uma forma de minar resistência por um cartola de um clube assumir o poder —algo que pode gerar incômodo em outros times.
Um dos argumentos da Justiça para suspender a intervenção, justamente, foi o veto da Lei Pelé a que dirigentes de clubes tenham cargo ou função na CBF. A entidade já tinha tentado emplacar esse argumento na primeira instância, mas o juiz Mario Olinto o rechaçou. O Ministério Público deve recorrer da decisão em favor da confederação.
O objetivo da intervenção é rever as regras eleitorais da CBF que dão maior poder às federações em comparação com os clubes. As entidades têm peso três. Os clubes da Série A, dois e os clubes da Série B, um. Por isso, a Justiça determinou a anulação da eleição de Rogério Caboclo, hoje afastado da CBF.
É nesta segunda frente que a confederação atuará em assembleia hoje (3) que reúne federações estaduais. A pauta principal foi aprovar a venda do avião da entidade, adquirido pelo presidente afastado Rogério Caboclo por R$ 70 milhões. Foi uma exigência do novo comprador.
Ao mesmo tempo, federações vão analisar a decisão da Comissão de Ética que afastou temporariamente Caboclo por acusação de assédio sexual, além de efetivar como interino o Coronel Nunes. Não é preciso referendar essa decisão enquanto ela não for definitiva. Portanto, há mais simbolismo político. É possível que a assembleia fique aberta de forma permanente para poder efetivar o afastamento caso este seja confirmado em definitivo pela comissão.
Há pressa na CBF por uma solução especialmente após a gangorra das decisões judiciais. A expectativa é de uma determinação da comissão em agosto para, depois disso, o coronel Nunes, atual presidente interino, convocar em até 30 dias uma nova eleição. Assim, um dos oito vices seria votado como presidente-tampão. Isso se a Justiça não retomar a intervenção e for marcado outro pleito.
A intervenção na CBF durou minutos e ninguém se sentou na cadeira da presidência Coronel Nunes. Não houve tempo nem para tomar café.
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