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Rodrigo Mattos

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Flamengo de Renato atropela Grêmio como 'metamorfose ambulante'

Felipão e Renato Gaúcho conversam antes de Grêmio x Flamengo pela Copa do Brasil - Pedro H. Tesch/AGIF
Felipão e Renato Gaúcho conversam antes de Grêmio x Flamengo pela Copa do Brasil Imagem: Pedro H. Tesch/AGIF

26/08/2021 03h59

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Foram mais de 30min para o Flamengo chutar no gol no 1º tempo em arremate de longe de Arrascaeta. Era controlado por um Grêmio agressivo na marcação: aproveitava espaços dados pelo Rubro-Negro.

Foram necessários menos de 20min do 2º tempo para o Flamengo marcar três gols e cravar uma goleada histórica na Arena Grêmio. Era consequência de um domínio amplo desta etapa, das falhas gremistas e do ótimo desempenho de reservas como Michael e Vitinho

Em termos numéricos, depois do intervalo, a diferença é que o time carioca jogou com dez. Em termos táticos, coletivos, individuais, a distância é maior: a equipe rubro-negra sofreu uma metamorfose, acertou linhas de marcação e acabou com o Grêmio no contra-ataque.

Como essa transformação ocorreu? Bem, é preciso primeiro explicar os erros rubro-negros. O time de Renato se apresentou extremamente espaçado para enfrentar o Grêmio. Talvez fosse necessário até que os jogadores usassem um walkie-talkie para conseguirem se falar.

Defensivamente, isso proporcionava espaços que levavam os defensores do time carioca a sempre correrem atrás, errado, dos rivais. Foi assim que Isla fez uma segunda falta para matar contra-ataque e foi expulso. Diego quase levou um vermelho também na mesma situação.

Ofensivamente, as movimentações coletivas eram pobres e não incomodavam o bloqueio gremista, típico de Felipão. Arrascaeta parecia longe de suas condições, Bruno Henrique isolado na esquerda, Everton encaixotado na direita. Havia ali culpa de Renato.

Assim como houve méritos nas mudanças do treinador rubro-negro. Com um a menos, simplificou: armou o time com duas linhas de marcação. Trocou Diego por Thiago Maia, e este funciona bem melhor como volante postado. Matheuzinho completava a linha defensiva, Michael, no lugar do contundido Bruno Henrique, cobria todo o corredor da esquerda.

O Flamengo era agressivo ao marcar o Grêmio e passou a ganhar o meio-campo. Seu gol aleatório com Bruno Viana ajudou o cenário que, de desastroso, passou a otimismo.

Aí Felipão decidiu dar um all in dentro de suas limitações. Tirou seus volantes, abriu dois pontas com dois centroavantes no meio. A aposta era a bola aérea, a pressão, aquele jogo com cara de anos 90. Pouco ameaçou e deu as costas para o Flamengo.

O time de Renato tinha latifúndios para atacar e faltava encaixar os passes. Foi Vitinho o responsável por isso ao achar Michael na área, e depois meter um cruzamento precioso, de pé trocado, para Rodinei fazer o terceiro. O carnaval de Michael na área gremista foi a cereja do bolo que resultou no pênalti para selar o placar.

Era um novo time. Aliás, o Flamengo de Renato é um novo time em relação ao de Ceni, novo no sentido de diferente. Não há aquele controle de jogo, a posse de mais de 70%, o amassar o adversário. Há mais espaços entre os jogadores, uma defesa mais exposta, um jogo, às vezes, reativo, mais troca de posições, mais gols marcados. E, em outras ocasiões, volta a ser o Flamengo avassalador como fez diante do Corinthians.

Enfim, é uma metamorfose ambulante quando joga mal e bem. Assim foi neste atropelamento sobre o Grêmio.