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Após cortar despesas, Corinthians contrata sem ter reduzido nada da dívida
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O Corinthians investiu alto no seu time para o segundo semestre com contratações como Giuliano, Renato Augusto e Roger Guedes. As contas do clube referentes à primeira metade de 2021 mostram que houve uma redução de despesas. Ao mesmo tempo, revelam que não houve nenhuma diminuição da dívida, e que não há sobra de dinheiro. Ou seja, o Corinthians acelerou os gastos sem ter resolvido seu problema financeiro.
O clube divulgou seu balancete do primeiro semestre deste ano durante a semana. Para destrinchar os números, o blog conversou com o consultor César Grafietti. Tentamos entender se os novos investimentos cabem nas contas corintianas.
"Os números do 1º semestre parecem trazer boas notícias, mas não é bem assim. Apesar da redução de custos no futebol, o Social segue queimando caixa e o resultado positivo se deve ao fato de que receitas de TV de 2020 foram pagas em 2021. Além disso, um aspecto preocupante é a dívida, que mesmo com a melhora de resultados permaneceu praticamente estável, na casa dos R$ 934 milhões. Ou seja, mesmo com todo o esforço, a pressão dos passivos continua a mesma. Ainda há muito a fazer", contou Grafietti.
Primeiro, o clube anunciou como um feito um superávit de R$ 394 mil, isto é, praticamente empatou receitas e despesas. Isso depois de seguidos déficits nos últimos anos.
Como apontou Grafietti, há uma ressalva: este resultado foi obtido em um semestre com receitas infladas de televisão. Todos os clubes receberam as premiações e cotas de pay-per-view referentes a 2020 nesta temporada por causa da mudança do calendário. O Corinthians, por exemplo, faturou R$ 145 milhões com TV no 1º semestre, quase o mesmo valor do ano inteiro de 2020: R$ 158 milhões.
Houve um aumento real da receita com patrocínio: deve gerar R$ 20 milhões a mais no ano. Sem o bônus da televisão, no entanto, o clube teria fechado no vermelho de novo. Até porque não repetiu rendas de venda de jogadores.
Mas há boas notícias na redução de despesas com direitos federativos. Foram R$ 63 milhões no ano passado, e zero no 1º semestre. Esse valor tende a subir com os novos reforços que têm luvas e custos de intermediação. E, nas despesas gerais, houve queda de significativa para R$ 6,8 millhões (R$ 13,6 milhões anualizado), o que representa um quinto de 2020.
No item pessoal e serviços de terceiros, houve aumento de despesa de consideramos proporcionalmente pelo ano. Seriam R$ 20 milhões a mais do que no ano passado. Isso não significa que o clube não cortou a folha: rescisões e demissões geram gastos, é normal esse aumento.
Com esse corte de custos, César Grafietti aponta que o clube saiu de uma geração de caixa negativa para R$ 57 milhões. O caixa representa o valor que sobraria para pagar dívidas ou investir. E aí está a questão: o Corinthians não pagou praticamente nada de seus débitos.
A dívida de curto prazo fechou em R$ 589 milhões. É praticamente o mesmo valor do início do ano. Em resumo, o clube tem de quitar tudo isso no prazo de um ano. A geração de caixa já não seria suficiente para isso, quanto mais com aumento de investimento no 2º semestre com contratações de jogadores caros.
O perfil da dívida mudou um pouco: houve uma queda em torno de R$ 44 milhões nas pendências com elenco e agentes, isto é, direitos de imagens. Em compensação, houve um aumento praticamente do mesmo valor em encargos e obrigações sociais. Uma das explicações mais prováveis: o Corinthians rescindiu com os atletas e os débitos passaram para suas obrigações trabalhistas em vez de salários correntes para eles. De resto, o clube teve um crescimento do endividamento bancário.
O clube tem dinheiro a receber no curto prazo: R$ 286 milhões. O Corinthians teria, portanto, de gerar R$ 300 milhões extras, fora suas despesas correntes, para quitar seus compromissos. Não houve nenhuma evolução neste item e, portanto, continuará sujeito a penhoras e reclamações dos credores.
No total, a dívida líquida do clube está em R$ 934 milhões. A dívida líquida é a soma de todo o passivo, menos o ativo circulante e depósitos judiciais. Esse valor não inclui o débito da Arena Corinthians que ultrapassa R$ 500 milhões. Atualmente, o clube não está pagando.
Em resumo, a diretoria do Corinthians conseguiu fazer uma parte da lição de casa ao reduzir parte das despesas. Poderia começar a usar o dinheiro para quitar pendências e aliviar o sufoco. Em vez disso, pegou a carteira e voltou a gastar. Terá de vender atletas em valores significativos para fechar a conta.
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