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Por que Eliminatórias longas reduzem valor da seleção e geram crise atual
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Os jogos da seleção em Eliminatórias da Copa têm sofrido uma desvalorização econômica durante os anos recentes, fenômeno que atinge seu auge com o time desfalcado para enfrentar o Chile. Há fatores que explicam isso: formato pouco competitivo e resultado previsível, rejeição de torcedores por tirar atletas de seus times e agora ausência de atletas por negativas de equipes europeias. Essa é uma avaliação feita entre atores do mercado de televisão.
Esses aspectos estão na conta de um torneio longo —18 datas— para apenas 10 times. São quatro vagas garantidas na Copa, e outra que vai para repescagem. Assim, metade dos times pode se classificar para o Catar-2022. Para o próximo Mundial, em 2026, serão seis vagas e meia, isto é, só 30% das equipes ficam fora.
A CBF fez uma concorrência para os direitos de televisão de jogos das eliminatórias em casa e de amistosos em 2017. Colocou como valor mínimo US$ 3,5 milhões. Não houve nenhum lance neste montante.
A Globo comprou os direitos depois por um valor próximo de US$ 2,5 milhões por partida, somadas todas as propriedades. Era um pacote de dez partidas das Eliminatórias. E, ao contrário de outras competições, a emissora não devolveu os direitos em meio à crise.
Mas, quando a Mediapro foi negociar jogos de outras seleções, não teve o mesmo sucesso. Até fechou negócio com a empresa TV WA, US$ 11 milhões por oito jogos. Mas a transação foi desfeita. A Globo comprou os direitos por um valor em dólar bem inferior ao que tinha pago por partida em casa. Ou seja, já houve uma queda no preço.
Depois de um ano, em 2020, o cenário se deteriorou ainda mais. O calendário da CBF impôs aos clubes perdas de jogadores em quase em um turno do Brasileiro. Esse movimento gerou uma rejeição por parte de torcedores mais fanáticos contra o time nacional. Há uma avaliação no mercado que isso afeta o valor dos jogos.
Em paralelo, o Brasil surfa nas Eliminatórias com facilidade. Já soma seis vitórias e pode atingir a classificação antecipada. A falta de competitividade pode tornar o returno meramente protocolar para o time de Tite, e talvez para a Argentina. O torcedor, portanto, só poderá acompanhar se o Chile ou a Colômbia, por exemplo, levam as vagas finais. De novo, haverá impacto para futuros contratos.
Para completar, a competição longa levou a adiamentos e à necessidade de datas triplas que revoltaram os clubes europeus. Resultado: Tite não contará com 12 jogadores para esse próximo jogo por causa de rejeição de liberação de clubes ingleses e russo. A CBF deve buscar punições, mas fica cada vez mais claro que não será fácil e que as disputas com times europeus devem se prolongar.
O jogo da seleção ainda tem um valor porque dá boas audiências e porque é o único em uma data para televisão aberta. Sem os direitos das Eliminatórias, a Globo não teria o que exibir de futebol por dez dias.
Há uma discussão na Fifa sobre o futuro dos calendários com a percepção de que o atual modelo de Eliminatórias não funciona. É provável que existam datas Fifa mais longas, e em menor número, para evitar viagens longas e desfalques toda hora.
Para a seleção, o futuro do valor dos jogos da seleção vai depender de dois fatores: a CBF vai resolver a questão do calendário em 2022 e evitar os desfalques aos clubes no Brasileiro e Copa do Brasil? A Conmebol aceitará uma revisão do formato das próximas Eliminatórias para torná-las mais atraentes? Caso as duas respostas sejam negativas, a tendência é o valor das partidas da seleção se arrastar como ocorreu com Estaduais que não souberam se reinventar.
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