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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Ameaçado de queda, Grêmio gasta mais no futebol até do que Galo

Douglas Costa foi um dos reforços do Grêmio em 2021 - Fernando Moreno/AGIF
Douglas Costa foi um dos reforços do Grêmio em 2021 Imagem: Fernando Moreno/AGIF

06/11/2021 04h00

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Após a derrota para o Atlético-MG, o Grêmio ficou sete pontos atrás do último time que escaparia da Série B, o Bahia —o time tem um Gre-Nal pela frente neste sábado. A ameaça de rebaixamento não condiz com o investimento do clube gaúcho. Em uma comparação, o custo do futebol gremista supera a maioria dos times na zona de Libertadores, inclusive o líder Galo. Só fica atrás de Palmeiras e Flamengo.

O balancete gremista até o meio do ano mostra um gasto de R$ 151,6 milhões com o futebol no 1º semestre de 2021, incluído aí a folha salarial e outros custos. Houve aumento em relação à despesa prevista no orçamento em um total de R$ 21 milhões.

É um gasto, diga-se, sustentável: o clube teve superávit no período. Lembremos que o Grêmio tem feito boas negociações de atletas e acumulado superávits justamente para dar um salto em investimento nesta temporada. O crescimento do dinheiro para o futebol, portanto, não foi irresponsável.

Em comparação, o Atlético-MG tem um custo de futebol e viagens de R$ 143,9 milhões —as viagens foram incluídas para usar o mesmo critério. É verdade que o Galo contratou Diego Costa no segundo semestre, o que deve elevar a despesa no final do ano.

Flamengo e Palmeiras, há alguns anos os times mais ricos do país, têm investimentos no futebol bem superiores ao Grêmio. O valor palmeirense foi de R$ 328,6 milhões, o Rubro-Negro de R$ 274 milhões. A diferença em favor do Palmeiras provavelmente se explica pela premiação da Libertadores, que costuma ser um custo alto.

Os outros times em disputa pela vaga na Libertadores têm despesas com o futebol mais baixas do que o Grêmio. O Fortaleza, que tem o orçamento mais modesto, soma um custo total no semestre de R$ 35,5 milhões no clube inteiro.

O Corinthians, que acelerou investimento no segundo semestre, somou um custo no futebol de R$ 136,5 milhões na primeira metade do ano. Já o Inter apontou com o custo do futebol em seis meses do ano: R$ 93,3 milhões. Como isso não está discriminado no balancete, não ficou claro o critério exato que o Colorado usou na conta.

Para fazer esta comparação, foram desconsideradas as amortizações e depreciações de contratos, que são despesas só contábeis do futebol, com exceção de Flamengo e Palmeiras. No caso do Flamengo, sem as amortizações, o valor cai para R$ 200 milhões, ainda acima do Grêmio. No palmeirense, não é possível fazer esse cálculo pelos dados disponíveis no balancete semestral.

Feitas essas ressalvas, fica claro que o que não faltou ao Grêmio foi investimento no futebol em comparação com os times que brigam na frente da tabela. Sua posição na zona de rebaixamento é uma demonstração de uso ineficiente do dinheiro.