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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Globo revive divisão de custo ao vender parte da Copa do Brasil à Amazon

Elenco do Atlético-MG antes da partida de ida com o Athletico-PR, no Mineirão - Pedro Souza/Atlético-MG
Elenco do Atlético-MG antes da partida de ida com o Athletico-PR, no Mineirão Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

16/12/2021 04h00

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A Globo fechou a venda de 36 jogos da Copa do Brasil de 2022 para a Amazon, sendo 30 deles exclusivos. De um lado, a Globo revive a divisão de custos de direitos como já feito anteriormente com Fox, Band e ESPN. De outro, a emissora fortalece uma ligação com empresa que pode se tornar parceira na disputa de direitos futuros.

Como maior compradora de direitos no Brasil, a Globo costuma comprar direitos de competições inteiras, como a Copa do Brasil, o Brasileiro e a Copa do Mundo por bastante tempo. Para amenizar seus custos, a emissora já dividiu direitos com a Band e a Fox. Neste caso, as emissoras pagavam à Globo um percentual dos direitos adquiridos e passavam a ter direitos a algumas partidas.

É esse o modelo adotado pela Globo. Houve a cessão de jogos exclusivos da 1ª fase até as quartas de final. Essas partidas só vão passar na Amazon Prime.

Não afeta a estratégia da Globo na TV Aberta e Fechada. Mas reduz o número de partidas que vinham sendo distribuídas da Copa do Brasil no pay-per-view.

Como o valor a ser recebido da Amazon, a Globo abate o valor de mais de R$ 350 milhões que paga anualmente para a CBF pelos direitos da Copa do Brasil. O contrato iniciou em 2018 e acaba em 2022. Sofreu reajustes anuais e, portanto, já é maior do que este valor.

Ao retomar a divisão de custos, a Globo abre espaço para investir em direitos de outras competições, assim como fez ao fazer propostas baixas pelos Estaduais. Desde 2015, houve um crescimento da concorrência e dos valores pagos pelos direitos no Brasil e na América do Sul. Isso obrigou a emissora por fazer opções. Quando tentou abaixar os preços na força, como na Libertadores, perdeu os direitos.

Além de reduzir o custo, a Globo aprofunda uma parceria com a Amazon, que já negocia pacotes de pay-per-view do Brasileiro em sua plataforma. A disputa dos direitos da Copa do Brasil a partir de 2023 e do Brasileiro para depois de 2025 ensaiam-se acirradas com o aumento da concorrência de mercado. Há ainda uma licitação da Libertadores para 2023.

A estratégia para essas disputas não está alinhavada. Mas, com a proximidade da Amazon, a Globo pode se juntar para fazer propostas maiores e dividir jogos.

Isso dependerá, no entanto, de qual modelo será adotado para essas concorrências. A CBF ainda não definiu como negociará a Copa do Brasil, mas, dificilmente, fará uma negociação simples para só entregar para a emissora carioca como antes. É possível que fatie os direitos. A negociação do Brasileiro, então, é ainda mais incerta.

A Amazon já ensaiava entrar no mercado de direitos: fez proposta só para os jogos do Red Bull Bragantino no Brasileiro quando este ainda não havia vendido para a Globo. Em seu comunicado, a empresa destacou que será a primeira competição que transmitirá de forma exclusiva no país. Na Inglaterra, já tem direitos de parte de jogos da Premier League. Possui jogos da Champions na Alemanha e França. E, nos EUA, detém um dia de partidas da NFL. É um bom parceiro para ter ao seu lado.