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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Santos contabiliza prejuízo de R$ 29 mi por 'perder' amistoso com Barcelona

Cartaz na rua de Barcelona anuncia jogo amistoso entre a equipe local e o Santos, ex-time de Neymar - Fernando Duarte/UOL
Cartaz na rua de Barcelona anuncia jogo amistoso entre a equipe local e o Santos, ex-time de Neymar Imagem: Fernando Duarte/UOL

18/12/2021 04h00

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O Santos registrou em suas contas um prejuízo de 4,5 milhões de euros (R$ 28,7 milhões) porque perdeu o direito a cobrar do Barcelona por um amistoso não realizado previsto na transação de Neymar. Em gestões anteriores à atual, o clube paulista deixou passar o prazo para acionar o time espanhol na Fifa pela dívida. Em 2021, foi percebida essa falha.

Em 2013, o Santos vendeu Neymar para o Barcelona por uma quantia próxima de 60 milhões de euros. No contrato, foi estabelecido que haveria dois amistosos entre os times, um na Espanha e outro no Brasil. O jogo na Catalunha ocorreu com goleada barcelonista de 8x0, mas nunca houve data para disputar a partida em território nacional.

Pelo contrato, o Santos teria direito a um ressarcimento de 4,5 milhões de euros caso o amistoso não acontecesse. O Barcelona, no entanto, não queria pagar. O clube brasileiro teria de entrar na Justiça.

Ainda assim, o Santos sempre contabilizou no seu ativo o direito de receber 4,5 milhões de euros do time espanhol. Mas as sucessivas gestões santistas nunca acionaram o Barcelona.

Quando assumiu o clube, o atual presidente Andrés Rueda quis verificar a situação. Até porque o Barcelona cobra do Santos 3 milhões de euros por não respeitar um direito de preferência sobre Gabigol, acertado também na transação de Neymar. O direito ao amistoso poderia ser usado como compensação. No início do ano, ele indicou que o Santos tinha perdido o prazo de cobrar o time espanhol.

Isso acabou confirmado no balancete do meio do ano. No documento, de junho, o Santos informa que os assessores jurídicos do clube concluíram que o clube não tinha mais direito a acionar o Barcelona. O prazo já estava prescrito em 2020 antes de Rueda assumir.

Aqui está a explicação no balancete santista que não determinou exatamente quando o prazo se esgotou:

"Em carta de fevereiro de 2021, os assessores jurídicos, em retificação a informação anterior, comunicaram que o direito de reclamar administrativamente estava prescrito já em 2020, conforme legislação desportiva emanada da Fifa. A administração optou por constituir perda integral do valor, de forma retrospectiva, alterando as demonstrações financeiras de 31.12.2020."

Ou seja, o Santos excluiu do seu ativo o valor de R$ 28,7 milhões em uma reapresentação do balanço. Com isso, a dívida líquida santista saltou de R$ 540 milhões para R$ 568,7 milhões ao final do ano passado. Isso porque contas que o clube tenha a receber são descontadas do passivo para se calcular o débito líquido.

Durante a temporada, Rueda reduziu o total da dívida líquida graças à austeridade na administração e negociações de jogadores. A atual administração também renegociou várias dívidas santistas com o clube.

A dívida com o Barcelona por Gabigol, no entanto, continua em aberto porque não houve um acordo com o Santos. Em vez de ser credor dos espanhóis, o clube paulista se tornou devedor.