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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Pressão política de clubes adia de novo Fair Play; CBF quer retomar em 2022

Reynaldo Buzzoni, diretor de registro, transferências e licenciamento da CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Reynaldo Buzzoni, diretor de registro, transferências e licenciamento da CBF Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

23/12/2021 04h00

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A implantação do Fair Play Financeiro da CBF vem sofrendo seguidos adiamentos. Depois de anos de espera e promessa, o plano estava pronto no final de 2019, mas a confederação posterga a aplicação de fato com sanções, inclusive por conta da pandemia. Só há análise das contas dos clubes e orientações. A pressão dos clubes levou a novo adiamento e a confederação promete retoma-lo no início de 2022.

O Fair Play Financeiro é uma série de regras para as contas dos clubes, que têm que limitar gastos e déficits. O objetivo é criar gestões sustentáveis para equilibrar o ambiente do futebol brasileiro: evita-se, assim, gastança sem ter receita, o que desequilibra competições.

Em 2019, a CBF comunicou que o plano estava pronto e haveria aplicação em quatro anos a partir do ano seguinte. A ideia era de que em 2022 já haveria punições de fato. A pandemia de coronavírus impactou as contas dos clubes e levou a confederação a adiar em 2020. O projeto seria retomado em 2021, mas continuou em ponto morto, sendo que os clubes já recuperaram suas arrecadações.

Há pressão de alguns clubes contra o Fair Play. Outros pedem o adiamento implantação por mais anos até que possam se adaptar. E há um grupo de times favoráveis. Neste contexto, por conta da queda de Rogério Caboclo, há a eleição da CBF na qual as agremiações são eleitoras, isto é, ninguém quer desagradá-las. Ou seja, não há clima para impor regras restritivas.

Responsável pelo projeto, o diretor de registro, transferências e licenciamento de clubes da CBF, Reynaldo Buzzoni, explicou que está sendo montada a estrutura para implantação a partir de janeiro. "É uma retomada de cronograma. Por solicitação dos clubes ficou para 2022", explicou.

No próximo ano, só haverá algum tipo de punição para quem nem apresentar os documentos contábeis à CBF. Fora isso, a entidade dará orientações para um plano de acertar as contas. Na prática, quem estourar as contas não sofrerá nada.

"Tem uma questão de punição. Se o clube não encaminhar o seu plano de trabalho, por não estar no parâmetro, ele vai ser punido. Vai sofrer uma sanção. Tem que apresentar um plano de trabalho. Não vai resolver em um ano. Tem que ter um plano bem estruturado que não seja fictício. Sanção vai de advertência à proibição de contatar", contou Buzzoni.

O executivo contou que os clubes já têm apresentado os balanços para a CBF desde 2019. O objetivo da comissão de Fair Play é ter uma média desses três anos para indicar aos clubes onde melhorar. Mas é uma sugestão, não uma obrigação. Um plano a quatro mãos, segundo Buzzoni.

O dirigente reconheceu que há oposição de determinados clubes. "Tem clubes resistentes, e uns que são muito a favor. Não tem mais jeito, é um caminho sem volta. A própria Conmebol já entrou com isso", disse Buzzoni, prometendo reiniciar o processo. "É um ano de retomada. O cara não recebeu em 2020. Estourou, mas não vai ter o ano que vem. Esses dois últimos anos ficaram afetados pela pandemia. Foi uma coisa fora da realidade, 2022 que se retome."