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Mattos: Flamengo redescobre a variação tática em 90min de Paulo Sousa
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O Flamengo apresentou mais variação tática nos 90 minutos de estreia de Paulo Sousa do que nos seis meses de Renato. Não, não há nenhuma certeza de que o trabalho será bem-sucedido ou que vai gerar títulos. Sim, o time ainda parece um ensaio confuso com as peças se ajustando às posições. Mas houve um indicativo diante do Boavista de que o time voltou a ter uma ideia trabalhada de como vencer uma partida.
A formação inicial do português atacava com um 3-4-3 com o trio ofensivo formado por Marinho, Pedro e Vitinho. Defendia-se com uma linha de quatro em que Matheuzinho ou Renê deveriam completar o setor.
A partir daí, parecia ser um sistema defensivo 4-1-4-1 em que João Gomes ficava à frente da zaga e todos os outros compunham uma linha para protege-lo. É preciso ressaltar o parecia porque o zagueiro Cleiton e o lateral Renê não compreenderam bem a movimentação necessária. Não que todos os outros jogadores tenham sido brilhantes: havia dificuldades e o time constantemente se afastava demais, algo normal em um primeiro jogo.
Ao mesmo tempo, Marinho e Vitinho entenderam bem o que era necessário em suas posições. Eram pontas-meias: partiam de uma posição central e podiam avançar para os lados do campo. Logo atrás, os alas-meias (Matheuzinho e Renê) faziam o movimento inverso: começavam jogando por fora e podiam centralizar quando os atacantes estivessem nas extremas.
Era uma constate a pressão na saída de bola adversária, seja feita no goleiro ou a partir da intermediária ofensiva. Havia vários jogadores que se apresentavam na zona em que o Boavista tinha a bola.
Com esse ritmo intenso, ainda que com certa confusão, o Flamengo foi criando chances diante de um Boavista frágil. Óbvio que o adversário não é uma parâmetro para o que pode ser esse time rubro-negro. Foi, sim, um campo de observação do que pretende Paulo Souza.
Quem melhor se adaptou a ideia foi Vitinho. Por três vezes foi à ponta, por três vezes serviu companheiros para fazer o gol. O primeiro deles foi do estreante Marinho.
No segundo tempo, foi a vez de Everton Ribeiro entrar como um ala esquerdo. Lembrava os primórdios de sua carreira iniciada na lateral-esquerda. Ele entendeu a posição, mas, logo, Paulo Souza o deslocou para a ponta-direita, seu habitat. Colocou um improvável Rodinei pela ala-esquerda, o terceiro a ocupar a posição em um jogo.
Entrou também Gabigol que foi ocupar uma posição mais à direita do que Pedro, embora não como ponta. A ver como será essa adaptação do centroavante ídolo do Flamengo já que o seu melhor rendimento tem sido como dupla de atacantes. Juntos, os dois perderam três chances claras de gol.
Em sua coletiva, Paulo Souza exaltou a capacidade de criação, assim como lamentou a ineficiências nas conclusões. Foi uma tônica: misturar elogios a observações dos pontos falhos a serem trabalhados. Não teve melindre, por exemplo, de apontar que Marinho foi bem por 30min e depois passou a acelerar demais o jogo ou de indicar melhorias necessárias para João Gomes.
Ao lado do campo, Paulo Sousa passou a maior parte do tempo com a cara contrariada, com gestos exaltados, dando instruções frequentes. Não fez biquinho, nem botou as mãos na cintura. Aparentemente esse tempo acabou no Flamengo.
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