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Mattos: Paulo Sousa causa 1ª reação do conservadorismo do futebol do Brasil
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Ao contratar Paulo Sousa, o Flamengo buscava um treinador com prática e mentalidade do futebol europeu. É o que ele está entregando nos seus primeiros dias de trabalho, seja em campo ou em entrevistas. Se dará certo ou não, veremos. Mas, após a derrota no Fla-Flu, já podemos ver as mesmas reações conservadoras na imprensa e torcida verificadas em outros trabalhos de técnicos estrangeiros: não se aceita mudança.
Em seu primeiro clássico, Sousa encarou o jogo como uma pré-temporada. A maioria dos jogadores que iniciou na quarta-feira, diante do Boavista, não começou o jogo - a formação foi mais próxima da titular. Foram testados atletas em posições diferentes com Diego atrás do atacante, e Everton Ribeiro de ala-esquerda.
É exatamente o que se espera de um técnico que começa a adaptar o Flamengo a seu 3-4-3 (3-4-2-1 para alguns) e que disputa os primeiros jogos de um Estadual pouco relevante. "Ah, mas é um clássico, tem que respeitar o clássico" O Flamengo passou anos respeitando clássico e Estaduais: era só o que ganhava com essa mentalidade antiga. Em uma temporada longa, o Fla-Flu de domingo tem importância quase zero para os dois times.
É justo criticar a opção de Paulo Souza por Diego perto do centroavante porque ele não tem funcionado ali. Prende demais a bola e não tem passe final. Surpreendeu que Paulo Sousa tenha gostado de sua atuação, que não foi boa.
Mas, de resto, o treinador do Flamengo esteve correto na sua análise pós-jogo. Identificou que o time foi organizado no primeiro tempo (sem ser brilhante) e zoneado na segunda etapa como era antes. Não há nenhum problema em dizer a verdade: a equipe rubro-negra era desorganizada mesmo na época de Renato.
O treinador português ainda fez críticas a seus jogadores. Disse que ainda não entenderam completamente as orientações e apontou a necessidade de controle emocional diante da pilha de rivais. Individualmente, observou que Marinho não estava atuando como ele pediu. Todas as análises corretas, nenhuma feita com desrespeito.
Não foi nada parecido com técnicos que saem culpando seus jogadores de forma genérica por qualquer derrota para livrar a própria cara. Sim, isso já causou problemas em clubes. Eram apenas observações sobre falhas pontuais que precisam ser corrigidas.
Rapidamente uma parte da imprensa e torcedores já tem o discurso de que esse tipo de entrevista pode causar melindres com jogadores. Bom, se provocar esse efeito, é um problema dos atletas e não do técnico. Não há nada de errado em cobranças profissionais, inclusive públicas, como já fizeram Jesus, Sampaoli e Abel Ferreira.
Na média, o jogador brasileiro é mimado, espera adulações constantes, e isso explica as atitudes infantis dentro e fora de campo. Nem é tanto o caso do grupo do Flamengo que tem jogadores habituados a jogar no exterior. Fato é que, ao trazer treinadores de fora, os clubes brasileiros devem justamente buscar mudar essa cultura do coleguismo e de tratar atletas como divas intocáveis.
Não adianta trazer treinadores europeus pela grife, pelo modismo, e esperar deles mais do mesmo.
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