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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Al Ahly tem receita turbinada similar ao Palmeiras e quer vender ações

Al Ahly venceu Monterrey por 1 a 0 e vai enfrentar o Palmeiras na semifinal - MATTHEW CHILDS/Reuters
Al Ahly venceu Monterrey por 1 a 0 e vai enfrentar o Palmeiras na semifinal Imagem: MATTHEW CHILDS/Reuters

08/02/2022 04h00

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Rival do Palmeiras na semifinal do Mundial de clubes, o egípcio Al Ahly é um clube rico e estruturado que passa longe do cenário de falta de recursos do futebol africano. O orçamento do clube tem um patamar similar ao do Alviverde, embora a equipe brasileira leve vantagem em patrocínios e TV. E a agremiação africana passa por um processo de profissionalização recente em sua gestão.

Maior vencedor na África, o Al Ahly tem uma torcida entre 35 e 50 milhões de pessoas, dependendo da fonte de informação. Com isso, tornou-se uma potência financeira no continente.

O orçamento do clube no ano passado foi de 2,54 bilhões de libras egípcias (R$ 852 milhões). Ao anunciar o valor, no site do time, o presidente do Al Ahly, Mahmoud El Khatib, exaltou: "Nosso orçamento para 2014 era o montante de 333 milhões de libras egípcias (R$ 111 milhões), aumentando para 1,2 bilhão de libras egípcias em 2018. Agora, nosso orçamento atingiu 2,540 bilhões de libras egípcias, o que é um grande sucesso".

O Palmeiras é um clube com receita maior do que seu rival africano. A previsão é de que supere R$ 900 milhões de renda no ano passado. Acumulava R$ 800 milhões até novembro de 2021, e depois ganhou o título da Libertadores. Este montante tem relação com os dois títulos continentais, mas o Al Ahly também ganhou a Champions Africana duas vezes no ano passado.

Ressalte-se que o clube brasileiro leva vantagem em termos de acordos comerciais. Em 2018, o Al Ahly assinou um contrato de TV com a empresa Presentation para cessão de quatro anos de direitos por R$ 133 milhões. Essa é a receita aproximada de um ano do Palmeiras com televisão. A Libertadores também tem um prêmio que é o triplo da Champions Africana.

O clube egípcio tem ainda lucrativos contratos de patrocínio com a Coca-Cola, Shell e a telefônica egípcia We. O fornecedor de material esportivo é a Umbro.

Os números do mercado de jogadores do Egito também são inferiores aos do Brasil. O site Transfermarket, que estuda valores de transferência, avalia o elenco do time egípcio em 31 milhões de euros. É um sexto da estimativa para o time palmeirense. E a maior venda da história do clube egípcio foi de 8 milhões de euros, bem abaixo das transações de times brasileiros.

Mas, repita-se, não se trata de um clube pobre. Seu centroavante sul-africano Percy Tau foi contratado por cerca de 2 milhões de euros do Brighton, da Premier League. Seu salário é similar ao de jogadores de elite brasileira, segundo a imprensa egípcia.

Com as informações disponíveis, não foi possível saber quais as outras fontes de receita que deixam o Al Ahly em patamar pouco abaixo do Palmeiras no total de renda —não há publicação de balanço como no Brasil. Mas o clube tem um quadro de associados robusto. A última eleição para presidente teve 35 mil votos, um número só visto em clubes do Sul no Brasil.

A diretoria do Al Ahly tem um plano de aumentar o investimento no clube. Recentemente, foram criadas três empresas para fazer a gestão de seus negócios. Todas são geridas por um Conselho Executivo. A mais importante delas é a Al Ahly Football Company, a empresa que assumirá completamente a gestão do futebol do clube nos próximos anos.

"Lançar a Al Ahly Football Company significa que tudo relacionado ao setor do futebol no clube será responsabilidade da companhia. A companhia será responsável por negociar os direitos de mídia, patrocínio, divisões de base e academias dos clubes", explicou Yassin Mansour, presidente da empresa, para o site do clube.

Em novembro, o executivo afirmou que há o plano do Al Ahly de lançar ações na bolsa do Egito. A intenção é vender 49% das ações. Ou seja, o clube manteria o controle sobre a empresa e o futebol.

Outra empresa, a Al Ahly Media é responsável pela televisão do clube. Pelo acordo de direitos feito pelo clube egípcio, a televisão pode passar as partidas do time em replay.