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Como é o plano do Vasco para criar SAF e vender seu controle a investidor
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O Vasco avança com seu projeto de se transformar em SAF (Sociedade Anônima do Futebol) e vender o controle do seu futebol a investidores. O movimento iniciou-se há quatro meses com estudos e contatos com potenciais parceiros. Neste processo, a diretoria vascaína traçou certas premissas como vender um percentual entre 51% e 90% da empresa, garantia de dinheiro para o futebol e solução para dívida.
Atualmente, a cúpula vascaína conversa com alguns grupos interessados no clube. A preferência é por investidores que tenham relação com a indústria de futebol e mídia. Das conversas, o objetivo é fazer um filtro para ter um investidor que case com as ideias vascaínas.
Do ponto de vista técnico, a KPMG e um escritório de advocacia estão trabalhando nas regras para uma possível venda e adaptação das regras do clube. Em paralelo, o Conselho Deliberativo do Vasco trabalha na reforma do Estatuto para viabilizar a transformação em empresa.
Qualquer proposta para virar SAF e para venda será discutida e votada com os poderes do clube como o Deliberativo, o Conselho Fiscal e o Conselho de Grande Beneméritos.
Mas a diretoria vascaína traçou premissas para nortear o debate sobre o que é imprescindível para haver acordo com o novo investidor. Assim, esperam convencer os conselheiros sobre a vantagem para o clube do processo.
Veja abaixo o ponto a ponto das negociações vascaínas:
Investidores
O Vasco conversa com alguns grupos com potencial de investimento. Os nomes não são revelados —o fundo americano 777 Partners tenha aparecido como um dos interessados. Embora nenhum esteja perto de fechar, já não são conversas preliminares e é possível um avanço ainda neste semestre. Há a possibilidade de ser apenas um investidor ou um grupo com várias fontes de dinheiro.
Nas negociações, o clube dá preferência aos investidores que tenham atuação na indústria do futebol ou de mídia. Isso porque, além do dinheiro, quem chegasse para administrar o clube teria know-how para acrescentar na gestão do futebol. A diretoria pretende fazer uma checagem dos investidores para saber se cometeram algum crime previsto nas leis brasileiras ou descumpriram leis econômicas, o que os eliminaria do processo.
Cessão do controle do futebol
A intenção do Vasco é vender entre 51% e 90% das cotas da SAF para investidores. De um lado, isso atende os investidores que não têm interesse em colocar dinheiro sem ter o controle sobre o futebol. De outro, o clube pretende manter um determinado percentual maior do 10% por entender que pode obter uma renda maior com uma venda posterior de cotas, seja por meio de venda de ações ou de novo investimento.
A previsão é incluir no estatuto da SAF uma regra antidiluição pela qual o Vasco nunca deixaria de ter menos de 10% do capital da SAF. Esse percentual, pela Lei da SAF, garante ao clube-associação o direito de manter características como cores, nome, símbolo, nome, bandeira, entre outros. Seria uma golden share que proibiria alteração nesses itens.
Investimento no futebol
A previsão é de incluir no acordo também um mecanismo para assegurar dinheiro para o futebol de forma competitiva. Não está estabelecido como será o funcionamento deste modelo. No caso do Botafogo, havia uma previsão de aportes de dinheiro e time de Série A. Outros pontos são o investimento no CT do clube, nas divisões de base e no futebol feminino.
Valor do Vasco
A KPMG tem ajudado o Vasco na análise de qual será o valor pago pelo clube. A intenção é estabelecer um "Valuation", termo que significa avaliação de um ativo ou empresa, de acordo com o potencial de receita do clube e de sua torcida.
Explica-se: a receita atual do Vasco gira em torno de R$ 150 milhões por conta de estar na Série B. Se a avaliação fosse feita em cima desta renda, o clube teria um valor bem baixo. O que a diretoria pretende é que se avalie em termos de receitas potenciais futuras, com desconto para o valor presente. É um cálculo comum em vendas empresariais.
Renda para o clube
O Vasco vai manter São Januário. Assim, a SAF terá de pagar aluguel para o clube para utilizar o estádio. Também seriam mantidas as outras sedes, na Lagoa e no Centro.
Fora isso, há intenção de que o estatuto da SAF tenha uma previsão de pagamento de royalties pelo uso da marca do clube, o que garantiria a manutenção do clube. Está em estudo também que sejam pagos dividendos ao Vasco, o que está previsto na Lei da SAF.
Outro ponto é que seja garantido o pagamento da dívida de R$ 722 milhões do clube. Neste caso, pela Lei da SAF, a empresa tem de destinar 20% da receita para quitação de débitos da associação, além de 50% dos dividendos.
Identidade do clube
Além das características básicas, como uniforme e símbolos, o Vasco quer mecanismos que obriguem a manutenção de itens que formam a identidade do clube. Entre eles, estão a ligação com Portugal e a "reposta histórica", que é o documento em que o clube se manifestou contra o racismo ao se negar a disputar um campeonato que proibia negros.
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