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Intervenção na CBF pode se transformar no golpe dentro do golpe nos clubes
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Na quinta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou intervenção na CBF com obrigação de mudança das regras eleitorais e realizar novo pleito. Na sexta-feira, o processo foi suspenso pela primeira instância da Justiça. No mesmo dia, a confederação decidiu acatar a primeira decisão judicial e convocar uma assembleia com clubes para mudar suas regras eleitorais.
Parece que ela adotará uma opção mais democrática. Só parece. Quando se lê as entrelinhas, o cenário aponta para uma manutenção do status quo com as federações mandando na próxima eleição e deixando os clubes como coadjuvantes.
Contamos essa história desde o início. Em 2015, uma mudança na Lei Pelé determinou que os clubes da Série B deveriam ter voto nas entidades de administração, isto é, na CBF. Em 2017, a confederação convocou uma assembleia só com federações para incluir os times da Série B. Mas havia uma pegadinha.
Sem participação dos clubes, a CBF determinou que as federações teriam peso três na votação presidencial, os clubes da Série A, dois, e os times da Série B. Com isso, as entidades regionais teriam maioria na eleição. Além disso, havia uma cláusula de barreira pela qual só poderia se inscrever uma candidatura com aval de cinco federações.
Rogério Caboclo foi eleito com essas regras. Por isso, o Ministério Público entrou com uma ação em 2017 para anular a eleição. O processo só andou em 2021.
No dia em que a CBF definiria a situação de Caboclo, e encaminharia seu futuro com Ednaldo Rodrigues, o STJ determinou de novo a intervenção na CBF. A intenção é de que as regras eleitorais sejam mudadas e seja realizado um novo pleito.
Só que a decisão determina que a assembleia para mudar o estatuto tenha os times da Série A e as federações. Por isso, na sexta-feira, a CBF convocou uma reunião em março com os times de elite e as entidades regionais. Mas são 27 federações e só 20 clubes da Série A. Ou seja, os cartolas da CBF têm total prerrogativa de repetir as regras atuais e estabelecer votos com peso três para as federações.
Assim, a nova eleição na CBF seria uma mera disputa entre presidentes de federações e vices da entidade. Os clubes teriam um papel secundário já que somariam apenas 60 votos.
Como a lei de inclusão de times da Série B na eleição é de 2015, o mais justo seria primeiro modificar o estatuto para inclui-los na eleição. Depois, deveria-se convocar uma assembleia eleitora, com todos os votantes, 40 clubes e 27 federações, para decidir o peso de votos. Aí, sim, deveria ocorrer uma eleição.
Do jeito que está posto, a CBF e as federações têm todas as armas nas mãos para ratificar o golpe e deixar o poder restrito a eles mesmo. Cabe aos clubes, ao menos, protestar e tentar votar em bloco contra a medida que os inferioriza na entidade. Ou então teremos mais uma vez uma democracia fake no futebol brasileiro.
Para quem acha que o tema tem pouca importância, os clubes só poderão avançar com pautas para modernizar o futebol brasileiro caso tenham um cenário favorável ou pelo menos neutro na CBF. É a entidade quem controla o calendário, a arbitragem e filiações de Ligas. Com oposição na entidade, será uma batalha viabilizar o novo Brasileiro.
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