Como o trabalho de Paulo Sousa é avaliado na diretoria do Flamengo

A derrota do Flamengo para o Fluminense na final do Carioca colocou sob holofotes o trabalho do técnico Paulo Sousa, dos jogadores e o relacionamento entre as partes. A diretoria de futebol apoiou o treinador, tanto publicamente, quanto em reunião interna, na figura de Marcos Braz. Por que os dirigentes referendam o treinador?

Quando houve a contratação do técnico, a conversa entre as partes indicou dois pontos importantes: 1) o treinador tinha uma filosofia igual a que o Flamengo espera para o futebol, mas o modelo de jogo era bem diferente 2) Havia necessidade de uma reformulação do elenco colocada pelos próprios dirigentes.

Durante os três meses de Estadual, Paulo adotou seu esquema com 3-4-3 e muitas variações de posições dos jogadores. Alguns dos atletas têm apresentado dificuldade de assimilar o esquema, o que é reconhecido internamente e em declarações do técnico. O repórter Léo Burlá publicou que há descompasso entre elenco e treinador sobre as orientações e o esquema.

A avaliação no Flamengo é de que não seria fácil de fato adaptar o time ao novo sistema. O entendimento é que, para isso, os treinos têm sido bem executados, intensos, com objetivo definido. Mas nem todos os jogadores aprenderam na mesma velocidade, João Gomes é visto como alguém que se adaptou. Marinho tem se esforçado para aprender, mas foi bastante criticado no início.

E, na visão interna, houve evolução do Flamengo em alguns quesitos. O time melhorou seu desempenho defensivamente, seja em bolas paradas, seja na proteção da própria área. São citados os jogos diante do Vasco em que o time quase não sofreu finalizações. No primeiro jogo diante do Fluminense, também é ressaltado o mesmo aspecto até os dois lances finais, com erros individuais.

Essas semifinais também mostraram um Flamengo pouco produtivo ofensivamente. Há um reconhecimento de que essa área tem que evoluir.

O segundo jogo diante do Fluminense é visto como um ponto fora da curva. Há um reconhecimento de que o time esteve desorganizado. Internamente, não é visto como má vontade dos jogadores com o esquema, mas admite-se que corriam errado.

Outro ponto para a temporada é que a reformulação do elenco rubro-negro pensada ainda não teve impacto. Dos cinco contratados, Santos, Pablo e Airton Lucas não estrearam. Seus nomes foram decididos em conjunto entre dirigentes e o técnico Paulo Sousa. Os três têm as características para o sistema do técnico.

Mais um empecilho citado são os problemas físicos, Bruno Henrique esteve machucado, Arrascaeta agora está fora, Vitinho também é desfalque por contusão, assim como Fabrício Bruno.

O Flamengo entende que, sim, vive um período de transição de seu time. A equipe, campeã da Libertadores e Brasileiro em 2019, foi montada para três anos. A ver como o clube lidará com a pressão por vitórias enquanto tentar mudar de cara.