Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Libertadores racistas das Américas
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No Monumental de Nuñez, um torcedor do River Plate mostrou bananas para a torcida do Fortaleza enquanto colegas riam. No Equador, um fã do Emelec chamava palmeirenses de macacos. A torcida do Estudiantes teve um membro imitando gestos de macaco em direção à arquibancada do Red Bull Bragantino.
Na Neoquímica Arena, um torcedor do Boca também se coçava como macaco para os corintianos. Saiu preso, pagou fiança apoiado pelo governo argentino e riu de todos. Foi repetido por um dos torcedores da Universidad Católica diante de rubro-negros em Santiano. Foram cinco casos de racismo contra brasileiros em 15 dias, cinco em duas semanas.
O tribunal da Conmebol tem estabelecido penas de US$ 35 mil a US$ 50 mil aos times por gestos racistas como esses. É claramente insuficiente para que qualquer um dos clubes tome uma providência contra as ofensas aos brasileiros. Clubes como River e Boca limitaram-se a declarações protocolares e punições tíbias a seus torcedores: demonstraram pouco se importar com os casos.
A Libertadores de 2022 pode-se dizer sem erro que até agora é uma competição marcada pelo racismo, pela xenofobia. Um campeonato que se pretende internacional, vendido por milhões de dólares para empresas pelo mundo, tem como símbolo gestos que poderiam acontecer em 1950, ou em 1850, ou quando os negros foram trazidos acorrentados para o Brasil e para outros lugares da América do Sul.
O que têm a dizer os patrocinadores da Libertadores como Bridgestone, Santander, Qatar Airways, Amstel? São coniventes?
E a reação no Brasil e na América do Sul limita-se às redes sociais. Sim, serão abertos processos disciplinares pela Conmebol, haverá multas leves, e vida que segue. A confederação ainda deve uma posição de fato dura em relação ao que ocorre na sua principal competição. A ver qual será sua postura.
Não é uma responsabilidade só da Conmebol, diga-se. Os clubes brasileiros precisam se posicionar. Como o Flamengo, o Corinthians, o Fortaleza, o Red Bull e o Palmeiras vão encarar seus torcedores negros se não os defendem? O Flamengo pediu providências à Conmebol em redes sociais, é preciso ir além. É fácil pegar o avião para falar de arbitragem, e sobre racismo? E o futebol argentino: é essa a imagem que quer passar para o mundo, torcedores se vangloriando de seu racismo?
O Brasil é o principal mercado da Libertadores. O poder econômico ajudou a acabar com a escravidão quando deixou de ser interessante para potências como a Inglaterra. Chegou a hora de os clubes usarem seu poder econômico para reivindicar mudanças necessárias.
Não dá para uma competição que tem por nome Libertadores ficar assistindo celebrações a um passado de escravidão do continente rodada a rodada.
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