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Por que os EUA invadem mercado de negócios do futebol na Europa e Brasil
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O futebol europeu já tem 54 times cujos donos são norte-americanos. Desse total, metade deles foi comprado nos últimos dois anos. É o que aponta um estudo feito pelo CIES (Centro Internacional de Estudos do Esporte, na sigla em inglês).
A aquisição de clubes não é o único negócio. O Real Madrid anunciou uma parceria com o fundo Sixth Street para seu estádio Santiago Bernabéu. O investimento previsto é de 360 milhões de euros em troca de poder explorar eventos no estádio por 20 anos. O projeto da fracassada Superliga tinha fundos dos EUA.
No Brasil, com a Lei das SAFs, Vasco e Botafogo já fecharam acordos para vendas para grupos norte-americanos. Há fundos de capital privado do país que avaliam investimentos em itens como uma possível Liga do Brasileiro ou outros clubes.
Já havia dinheiro da maior economia do mundo no futebol anteriormente. Mas houve claramente uma aceleração desses investimentos em anos recentes. Por que?
"Tem duas coisas nesse aumento de interesse: sim, o esporte americano chegou no teto, e precisam inventar coisas novas o tempo todo, como essas NFTs da vida, e a alternativa é seguir explorando outros mercados; daí vem a segunda parte: os outros mercados são dominados pelo futebol. Daí é melhor buscar investimentos num esporte global e que é bem menos profissional do que parece", explicou o consultor financeiro e especialista em esporte, César Grafietti.
O esporte americano - NBA, NFL, Major League Baseball - é das indústrias do esporte mais bem desenvolvida do mundo. Grupos que atuam nessas ligas e esportes são alguns dos principais atores nas aquisições de times de futebol.
O grupo que comprou o Chelsea tem como líder Todd Boehly, dono do LA Dodgers. Todos os outros três consócios de investidores tinham donos de franquias do esporte norte-americano entre seus membros.
Quando compram clubes, os investidores têm como intenção uma modificação da gestão com a implantação de práticas do mercado de entretenimento norte-americano. Além disso, há uma visão de explorar ativos que vão além do futebol.
"Tem que arriscar. Quando compram clubes estão olhando o ecossistema. Explora conteúdo, estádio, hospitalitty, e fazer o time equilibrar as contas. Tem uns projetos bacanas envolvendo turismo, por exemplo. Veneza e Como são dois clubes que tem um apelo turístico imenso, e os caras ganham fazendo os torcedores visitarem as cidades, irem aos estádios, passarem uns dias. O americano nunca compra pensando só no futebol", completou Grafietti.
O consultor explica que, mesmo na Europa, há problemas de gestão na maior parte dos clubes médios, alguns deles com aspectos ainda bem atrasados. Ou seja, há um valor como negócio em investir em um ativo subvalorizado, como são os casos também de Vasco, Botafogo e Cruzeiro, para explorar todo seu potencial.
Não é, no entanto, uma garantia de sucesso financeiro de negócios. Uma questão é que, ao contrário do esporte dos EUA, os resultados financeiros do futebol têm uma relação bem mais intrínseca com os resultados esportivos. Há risco, portanto, em rebaixamentos. E há um teto para o crescimento do futebol como negócio.
"Mas tem algumas coisas que eles parecem não ter entendido ainda: futebol é competição e tem rebaixamento, o que tira valor do ativo. Direitos de transmissão não crescerão eternamente, receitas comercias também não (e essas dependem do momento econômico)", analisou Grafietti.
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