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Atrito entre Vasco e Fla-Flu gera debate sobre futuro do Maracanã
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O Vasco reclamou e protestou pela cobrança de aluguel maior para uso do Maracanã feito pela administração no jogo contra o Cruzeiro. A dupla Flamengo e Fluminense, que gere o estádio, rebateu que não poderia dar condições iguais ao clube pois é responsável pelo custos de manutenção. No final da linha, há uma discussão do poder sobre o uso do Maracanã no futuro.
Para explicar o contexto, desde 2019, o Flamengo tem um concessão provisória do Maracanã, com o Fluminense como interveniente. Há um processo de concorrência definitiva feito pelo governo do Estado em curso que ainda parece longe de conclusão.
Neste cenário, a administração do Maracanã - leia-se Flamengo e Fluminense - estabeleceu que o Vasco teria de pagar R$ 250 mil pelo aluguel do estádio, ainda teria de quitar R$ 130 mil em custos do estádio e não poderia ficar com receitas de bares. Ainda proibiu uma faixa sobre Respeito e inclusão do clube. Em seus jogos, a dupla Fla-Flu paga R$ 90 mil de aluguel e tem direito às receitas.
A diretoria do Vasco enviou seguidos ofícios à gestão do estádio questionando a decisão. Alega que, pelas condições acertadas na concessão, os gestores se obrigavam a dar condições iguais a outros clubes no uso do estádio.
É citado o artigo segundo da concessão, parágrafo 10o: "A permissionária deverá possibilitar a utilização em condições de igualdade pelos demais clubes de futebol profissional."
Questionada, a administração do Maracanã nega que exista a obrigação de dar um aluguel igual para terceiro em relação à dupla Fla-Flu. Em nota, a gestão do estádio afirma que os dois clubes "têm direito legal e contratual de usar o estádio por qualquer valor ou mesmo de graça. Por outro lado, terceiros que desejem utilizar o estádio, sejam clubes ou entidades de administração desportiva, deverão pagar, em contrapartida à referida utilização, um valor que seja suficiente para suportar o enorme custo do Maracanã".
Quando houve a concessão do Maracanã à dupla Fla-Flu, em 2019, houve a promessa, sim, de que os outros clubes teriam condições iguais de uso do estádio. E havia a previsão de um aluguel fixado em R$ 90 mil. O clube cruzmaltino apresentou as cláusulas que preveem essa condições, enquanto a dupla Fla-Flu não mostrou que isso foi retirado da concessão. Salvo nova informação, o Vasco tem razão nesse atrito específico. E a proibição de sua faixa com os dizeres "Respeito, inclusão e igualdade" não faz nenhum sentido.
Dito isso, o atrito atual tem como pano de fundo uma discussão maior que é sobre a concorrência definitiva do estádio, cujas regras já foram definidas pelo governo do Estado. Pela licitação proposta, haveria 70 partidas no Maracanã, o que só seria possível com três clubes. Ou seja, as condições impostas induzem aos três gerirem o estádio - Vasco já demonstrou interesse de entrar na disputa.
O problema é que 70 jogos no Maracanã tornam inviável a manutenção de um gramado razoável no estádio. Na prática, haverá um futebol precário praticado no campo.
E, sim, todos os clubes têm direitos iguais sobre o Maracanã - a festa da torcida vascaína no estádio no domingo foi bem bonita -, mas também têm deveres iguais. O Maracanã foi largado a própria sorte desde 2016 após a Olimpíada quando a Odebrechet parou de investir no estádio. Foi o Flamengo quem botou dinheiro para recupera-lo. Foi o clube rubro-negro que também agora, juntamente com o Fluminense, reformou o gramado.
É a empresa fundada pela dupla Fla-Flu que negocia camarotes e patrocínios para tornar o estádio viável. Para além dos jogos, o Maracanã tem uma despesa considerável de manutenção que será ainda maior considerando reformas necessárias na sua cobertura e outras modernizações - só a dupla Fla-Flu fez algo.
A realidade é que até agora o Vasco não investiu um centavo no Maracanã, seja de esforço seja de dinheiro. A diretoria do clube conversa com o 777 Partners sobre entrar na concorrência e não está descartada nem participar com o Flamengo e Fluminense - o atrito atual não causou uma ruptura. Mas até agora o clube mais falou do que fez algo de concreto pelo estádio. Se dependesse do Vasco, o Maracanã estaria em ruínas nesses seis anos.
A solução para o Maracanã é bem complexa. O gramado não comporta os jogos dos três clubes no estádio no número que eles desejam - o Vasco quer 15 a 25 partidas, Flamengo e Fluminense todos seus jogos em casa (de 30 a 35 cada). Só os vascaínos têm um estádio alternativo para partidas de menor público. E, ao mesmo tempo, é deficitário abrir o Maracanã para públicos menores do que 30 mil pessoas como ocorreu em alguns jogos recentes tricolores.
O atrito entre Vasco e a dupla Fla-Flu, portanto, é mais um capítulo de uma debate sobre o futuro do estádio. As regras atuais do governo do Estado para a concorrência não resolvem o problema, menos ainda a atitude beligerante dos clubes. O único caminho possível é sentar todo mundo à mesa e os lados buscaram concessões por uma solução comum. Ou vai sobrar nota oficial e faltar gramado no Maracanã.
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