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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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CBF tem oferta de R$ 70 mi pela Copa do Brasil, mas cogita agência suspeita

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF - Thais Magalhães/CBF
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF Imagem: Thais Magalhães/CBF

21/06/2022 04h00

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A CBF recebeu três propostas de agências de marketing esportivo pelo patrocínio da Copa do Brasil. Dessas, uma das ofertas é a maior: R$ 70 milhões por ano garantido, quase seis vezes mais que o valor atual. Mas, ainda assim, a entidade analisa outra proposta menor de uma empresa investigada no caso Fifa.

A confederação informou que o processo de escolha da agência ainda está em fase inicial, não houve análise de propostas e não descarta negociar patrocínio sem intermediário. Também garantiu que o processo terá transparência e levará em conta a idoneidade das empresas. "A CBF volta a afirmar o compromisso público de romper com práticas e suspeitas que fizeram parte da história passada da entidade." (veja a nota abaixo)

Os contratos de direitos da Copa do Brasil para TV e patrocínio se encerram agora em 2022. Atualmente, a Globo e a agência Klefer, que pertence ao ex-presidente do Flamengo Kleber Leite, detêm essas propriedades. A agência de marketing ganhou o contrato ainda na gestão de Ricardo Teixeira em operação investigada por autoridades norte-americanas.

A CBF não fez processo de concorrência formal: preferiu se abrir para ouvir ofertas do mercado. No caso das agências, houve propostas da IMG e Infront, agências internacionais, que foram descartadas porque envolviam direitos de TV. É provável um acordo direto neste caso.

Então, sobraram três propostas de agências de marketing brasileiras pelo patrocínio da Copa do Brasil, marketing e naming rights. Foram feitas pelas empresas Brax, Live Mode e Klefer. A ideia é que ofereçam um valor mínimo garantido por essas propriedades e tenham a prerrogativa para negociá-las no mercado. A CBF informou que ainda pode receber proposta de outras agências.

O blog apurou que uma das ofertas foi de R$ 70 milhões garantidos por ano. Isso representa quase seis vezes o valor atual entre R$ 12 milhões e R$ 13 milhões por ano, pagos pela Klefer. A proposta é a maior entre as três. Não foi possível saber qual empresa fez a proposta, mas é certo que não foi a proposta da Klefer.

Ainda assim, a CBF mantém a concorrência em aberta e não descarta fechar uma renovação com a Klefer. A empresa tem um histórico de contratos com a confederação, de investigações e ligação com cartolas afastados da entidade.

O seu contrato de dez anos sobre o patrocínio da Copa do Brasil foi alvo de investigação do Departamento de Estado dos EUA e do FBI. Nos documentos da denúncia, é apontado que Kleber Leite teve diálogo com José Hawilla, já morto e então dono da Traffic, sobre propinas a dirigentes da CBF.

O Departamento de Justiça dos EUA apontou que a empresa, juntamente com a Traffic, pagou propina a Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero por esse acordo. As duas empresas chegaram a brigar, mas fizeram um acordo para dividir lucros e pagamentos. De acordo com a denúncia, estes três ex-presidentes da CBF foram beneficiados por pagamentos dessas duas empresas referentes ao contrato da Copa do Brasil.

Apenas o primeiro dirigente respondeu por esse fato e ficou preso nos EUA. A empresa Klefer foi alvo de buscas da Polícia Federal no Brasil. Mas nem Del Nero nem Texeira nem Leite foram acusados pelos procuradores americanos até porque não foram aos EUA.

Documentos posteriores mostram que Kleber Leite tentou, inclusive, se tornar o intermediário do contrato entre a Globo e a CBF pelos direitos da Copa do Brasil. Há um e-mail entre ele e Del Nero sobre o assunto.

O contrato entre a Klefer e a CBF nunca foi rompido. Agora, a entidade passou a ser gerida pelo novo presidente Ednaldo Rodrigues, eleito recentemente com a promessa de limpar o nome da entidade. Mas o blog confirmou com três fontes diferentes que a Klefer faz parte da disputa pelos direitos da Copa do Brasil. E há conversas dentro da entidade sobre manter a empresa com a competição. Pela assessoria, a CBF nega que exista qualquer avanço na negociação e diz que informações contrárias não são verdadeiras.

A questão é que há uma proposta superior pelo patrocínio da Copa do Brasil. A CBF deve tomar uma decisão em breve sobre o assunto.

Questionada, a assessoria da confederação enviou uma nota em que nega que exista uma negociação avançada:

"CBF informa que está na fase inicial de recebimento das propostas das agências de marketing esportivo interessadas em adquirir os direitos de comercialização de patrocínio para a Copa do Brasil.
Portanto, qualquer outra informação não corresponde à verdade e ao momento atual.

A CBF informa que essas propostas não entraram na fase de análise pelo departamento comercial. Pelo contrário, o processo segue aberto para que outras empresas apresentem propostas.
Vale ressaltar, ainda, que a CBF sequer definiu o modelo que será utilizado para a aquisição dos direitos de patrocínio durante a competição. Uma das possibilidades em estudo, inclusive, é de negociação direta com as empresas patrocinadoras, sem necessariamente passar pelas agências de marketing esportivo. Ou seja, todas as possibilidades estão em estudo.
Posteriormente, a CBF irá analisar cada uma das propostas apresentadas, sempre preservando os interesses do futebol brasileiro e seus clubes. Todo o processo será pautado pelos pilares que o novo comando da CBF defende, com transparência em cada uma das etapas, inclusive exigindo cláusula anticorrupção, levando em conta a credibilidade e idoneidade das empresas que apresentarem propostas.
A CBF volta a afirmar o compromisso público de romper com práticas e suspeitas que fizeram parte da história passada da entidade."