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No meio do caminho do Flamengo tinha um Pedro
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No momento em que Bruno Henrique se machucou, surgiu um Pedro no meio do caminho do Flamengo. Não era lá um Pedro ainda tão confiante, nem tão pronto. Mas era um Pedro que antes era visto como motivo de crise e se fez em solução.
Por que era um Pedro que se mostrou resiliente na adversidade, capaz de se reinventar. Do jogador que não sabia compor apareceu um atleta que pressiona a marcação. Do atleta técnico que jogava pelo chão surgiu um que domina bolas longínquas como amigas, e as cabeceia no ângulo. Do centroavante fixo surgiu um outro móvel.
O caminho da Libertadores do Flamengo tem 12 gols do mesmo jogador, um número inédito no clube. Um Pedro inesperado que não era titular, nem candidato a herói. E cravou quatro gols nas duas semifinais do torneio continental, tal qual Bruno Henrique fizera no ano anterior.
Quando o adversário colombiano fraquejou, Pedro fez quatro tentos. Quando o time precisava selar sua vaga na semifinal, completou o passe de Arrascaeta com um carrinho. Quando houve desconcentração, enfiou uma cabeçada para acalmar ânimos e pavimentar a trilha para a final.
É possível explicar o desempenho de Pedro na Libertadores pelos números frios. Marcou um gol a cada 52min em campo, fez um tento a cada partida disputada. Perdeu uma grande chance para cada quatro bolas na rede. Ainda proporcionou duas assistências, e seis chances criadas na competição.
Para além dos dados, há o lúdico, o que nos atrai para o futebol. A bicicleta na classificação na Copa do Brasil, o drible entre as canetas antes do passe a Marinho no gol do Velez. Seu cumprimento após os gols é também um aceno a bola que lhe trata tão bem.
A verdade é que um Flamengo meio desnorteado encontrou um Pedro no meio do seu caminho. O poema de Carlos Drummond de Andrade trata a pedra como um obstáculo. E o obstáculo é também uma oportunidade para uma mudança de rumo, um tropeço para construir uma nova história. A ser talhada na pedra sobre Pedro.
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