Topo

Rodrigo Mattos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rival na Copa, Sérvia herda estilo 'Brasil da Europa' da antiga Iugoslávia

 Aleksandar Mitrovic, da Sérvia, comemora gol contra a Eslovênia pela Liga das Nações - Srdjan Stevanovic/Getty Images
Aleksandar Mitrovic, da Sérvia, comemora gol contra a Eslovênia pela Liga das Nações Imagem: Srdjan Stevanovic/Getty Images

27/09/2022 18h10

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Atual técnico da Sérvia, Stojkovic foi o maior jogador da época em que a antiga Iugoslávia era conhecida como 'Brasil da Europa' pelo estilo técnico de seus atletas. Pois sua equipe atual herdou características daquela geração, com jogadores técnicos e habilidosos, e uma propensão a atacar.

Foi o que se viu no último jogo oficial do adversário do Brasil na estreia da Copa do Catar-2022. Diante da Noruega, a Sérvia exibiu suas melhores qualidades, a dupla de atabaque matadora com Mitrovic e Vlahovic, e as trocas de passes pelo chão para servi-los, comandadas pelo regente Tadic.

A partida foi disputada pela Liga das Nações B, e a vitória da Sérvia por dois gols a classificou para a elite da Europa.

De início, a Noruega até teve mais a bola e pressionou o time sérvio. Quando é atacado, a equipe do leste europeu se defendeu em uma linha de cinco jogadores atrás, com a volta dos alas para auxiliar os zagueiros. Está longe de ser uma defesa impenetrável, mas era o suficiente para bloquear o jogo limitado ofensivo dos noruegueses. O fenômeno Halland só recebia bolas pedregosas.

Aos poucos, a Sérvia passou a controlar a posse e jogo a ponto de ter tido 59% da bola no primeiro tempo. O time tem duas formas principais de criar jogadores: 1) marcação pressão para recuperar a bola e chegar em velocidade na frente 2) jogadas pelas laterais em busca dos alas avançados, Zinkovic e principalmente Kostic.

No final do primeiro tempo, Tadic lançou Kostic nas costas da defesa para cruzar para o Vlahovic completar para o gol, em uma jogada dos dois jogadores da Juventus. A base do time sérvio, aliás, joga no futebol italiano.

O segundo gol, de novo, se iniciou com Tadic ao pegar a defesa norueguesa aberta e enviar para Ilic, que serviu o centroavante Mitrovic. Em ótima fase, o atacante do Fulham não para de fazer gols pela seleção e na Premier League.

Com o jogo encaminhado, a Sérvia recuou e passou a viver de contra-ataques com dois pontas novos, Lazovic e Radonjc. Ambos se enquadram na categoria pontinha habilidoso e ciscador da tradição brasileira, embora joguem como alas. Caso se chamassem Miltinho e Serginho, poderiam tranquilamente circular pelas laterais de campo dos times da Série A que ninguém iria perceber que eram sérvios.

Ainda faltou em campo o bom Milinkovic-Savic, da Lazio, suspenso.

É difícil imaginar que a Sérvia vá se expor diante do Brasil como fez diante de uma Noruega inferior. A linha de cinco atrás deve estar mais postada, e o meio reforçado. Ainda assim, é um time que ataca melhor do que se defende, o que é comprovado pelos seus números nas eliminatórias da Copa em bateu Portugal no grupo com mais de dois gols feitos de média. Será interessante ver a seleção diante dos herdeiros dos 'Brasil da Europa'.