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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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CBF evita política na seleção, e Neymar declara apoio a Bolsonaro fora dela

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Com Igor Siqueira

A CBF tem evitado qualquer associação com candidatos ou partido durante a campanha eleitoral, tanto na diretoria quanto na comissão técnica da seleção. O jogador Neymar optou por associar-se ao presidente da República, Jair Bolsonaro, com uma mensagem de agradecimento, feita quando seu período com o time brasileiro se encerrou. Nesta quinta-feira, fez um vídeo com o jingle de campanha do presidente falando para votar nele. A campanha de Bolsonaro passou a usar sua imagem.

Nem na CBF, nem por parte do técnico Tite há qualquer veto para que jogadores manifestem suas preferências políticas. Até porque uma orientação nesse sentido seria antidemocrática.

Na semana da eleição de primeira turno, nesta quarta-feira, Bolsonaro visitou o Instituto Neymar Jr., em Praia Grande. A visita foi postada nas redes sociais do presidente e de seus aliados. Mostra ele interagindo com crianças, discursando e recebendo uma ligação de agradecimento de Neymar pela presença.

Posteriormente, Neymar gravou um vídeo: "Fala, presidente Bolsonaro, Tarcísio, Michelle, passando para agradecer a visita ilustre de vocês. Queria muito estar junto, mas, infelizmente, estou longe. Mas na próxima vez estarei junto. Espero que aproveitem a visita aí no Instituto, que é meu maior gol que fiz na vida. Beijo enorme, fica com Deus, tchau, tchau"

Nesta quinta-feira, Neymar fez um vídeo com um funk de apoio a Bolsonaro. Ele aparece dançando e fazendo sinal de apertar a urna enquanto toca a música: "22 é Bolsonaro. Vota, vota e confirma, 22 é Bolsonaro"

Entre outros, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, usou o vídeo para pedir apoio ao presidente em redes sociais. "Valeu, @neymarjr! Tmj! Todos de verde e amarelo, com a camisa da seleção, pra votar no nosso capitão no próximo domingo! Parabéns pelo trabalho no @InstitutoNJr"

Há uma ligação de Neymar com Bolsonaro: já ocorreram encontros entre as partes com trocas de presentes, vídeos e elogios. O jogador também já interagiu em post do candidato a deputado federal Nikolas Ferreira, que é bolsonarista.

A CBF, por sua vez, tem tentado se desvincular de qualquer político. O presidente da confederação, Ednaldo Rodrigues, orientou o técnico Tite e Juninho para evitar associações de política com o time brasileiro, especialmente no período pré-Copa. Também não tem recebido políticos na entidade a não ser em situações institucionais.

Outra preocupação da CBF, no futuro, é desvincular a camisa da seleção de um determinado movimento político. O uniforme tem sido usado por apoiadores de Bolsonaro. Mas não há nenhum veto a manifestações dos jogadores individuais.

"Não cerceamos ninguém, eu não cerceio absolutamente ninguém. Em 2021, tivemos uma situação muito difícil aqui. Nós nos reunimos numa sala, junto com o presidente, e externamos a nossa vontade que no momento era de não fazer a Copa América. Todos os atletas estavam ali. Não foi feito e tivemos a dignidade de fazer, de fazer o melhor trabalho possível. E o Marquinhos foi muito feliz em entrevista no Paraguai. Que nós tenhamos a nossa capacidade, que ninguém seja alienado. Como é importante que o Brasil consiga crescer. Como é importante a saúde, a educação. Mas o que nos toca? O futebol. Que cada um que queira fazer isso, que faça no seu particular e que aqui, a gente reúna forças só para o futebol. Aquilo que a gente busca enquanto alegria, competitividade e o sonho de ser campeão mundial", afirmou o técnico Tite, em entrevista ao UOL, lembrando o episódio da quase desistência da Copa América em 2021.

E completou: "Que o assunto política seja externado pelos políticos, na CBF. A minha opinião, o meu parecer, é essencialmente do futebol."

No passado, a CBF costumava fazer contribuições políticas a candidatos, o que não ocorre mais. Era comum em gestões anteriores o uso da imagem da seleção em barganhas políticas por parte dos dirigentes, principalmente na época de Ricardo Teixeira.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado no texto, o Instituto Neymar Jr. é em Praia Grande, e não em Santos. O erro foi corrigido.