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Triunfo do Flamengo sobre Corinthians não foi como se Golias batesse David
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Antes da final da Copa do Brasil, era dado como certo o favoritismo do Flamengo sobre o Corinthians, cada analista atribuindo certo grau à vantagem rubro-negra. Essa premissa inicial gerou a sensação de que qualquer momento de superioridade corintiana nos 180min era um feito, uma superação. Mas esse quadro não retrata bem o fato de que o elenco alvinegro é bem estrelado e caro, longe de ser um coitadinho, ainda que esteja abaixo do rubro-negro.
É sob esse prisma que foi lida a segunda partida da decisão no Maracanã. Jogo este que teve em sua maior parte o domínio do Corinthians, principalmente da bola e também das chances de gol após o intervalo. Parecia uma surpresa geral.
Bem, lembremos, o Corinthians conta com um técnico de bom nível europeu, Vítor Pereira, dois atacantes cujos direitos são avaliados em milhares de dólares, Yuri Alberto e Roger Guedes, um meia que já foi da seleção, Renato Augusto, dois jovens bons jogadores de meio Maycon e Fausto Vera, além da sua boa base de defesa.
Como já mostrado aqui no blog, é um time cujo custo se aproxima da equipe do Flamengo, até porque o Corinthians tem priorizado o futebol a pagar dívidas. A distância entre os dois está na aquisição de jogadores, já que o clube rubro-negro tem maior capacidade de investimento.
Diante deste cenário, a atuação em Itaquera foi até tímida para o Corinthians. Foi dominado em casa a maior parte do tempo, criou em bolas esporádicas. Deixou a impressão até de que a distância entre os dois times continuava grande como na Libertadores, o que não parecia verdade.
No Maracanã, não. O time de Vítor Pereira foi montado diferente, com Lucas Piton avançado no lugar que antes era ocupado por um atacante. Sua equipe foi mais combativa o jogo inteiro até pela ausência de João Gomes, no Flamengo, e as dificuldades físicas de Vidal. Nas trocas, no meio, o Corinthians tinha melhores opções, inclusive com Maycon e Giuliano, enquanto o time carioca teve de apostar em Matheuzinho, Victor Hugo e um improvisado David Luiz.
A realidade é que Dorival Jr. não achou formas de suprir a ausência de Gomes, provavelmente teria de mudar seu modelo de jogo. Com o meio mais combativo, a equipe de Vítor Pereira teve a bola. O Corinthians reteve 62% de posse de bola contra 38% do Flamengo. E concluiu 16 vezes, sete no gol.
É preciso ressalvar que o Flamengo, longe do seu modelo dominante, teve maior número de chances claras, especialmente no primeiro tempo. Além do gol de Pedro, houve o tento anulado de Arrascaeta por um impedimento de Gabigol marcado pelo VAR, que é difícil tirar uma conclusão pela imagem disponível. O time podia ter decidido o jogo ali, portanto, dá para dizer que foi melhor no 1º tempo, embora sem a bola. No jogo inteiro, foram 11 conclusões rubro-negras, três no gol. O uruguaio teve outra oportunidade defendida por Cássio após o intervalo.
No segundo tempo, o Corinthians foi mais incisivo e passou a ter a bola constantemente na área rubro-negra até pela entrada de Adson, mais ofensivo. O lateral Filipe Luis reconheceu que o Flamengo se defendia muito atrás, o que era um erro já que não é sua característica. Roger Guedes perdeu um gol quase debaixo da trave no vacilo de marcação de Rodinei. O empate de Giuliano até demorou e não seria uma surpresa se o Corinthians tivesse virado.
Considerados os dois jogos, houve um equilíbrio em termos de momentos de domínio da bola e dos espaços do campo. Só que o time rubro-negro teve mais grandes chances perdidas: três contra uma. É, aliás, um defeito do Corinthians a falta de criatividade ofensiva, assim como a falta de pressão da marcação é um problema rubro-negra.
Seria normal se esperar mais imposição do Flamengo no Maracanã. Mas quem vislumbrava um passeio no confronto dos 180min não estava prestando atenção nas qualidades do elenco corintiano. Não foi um David que se agigantou diante de um Golias: foi um Corinthians que jogou dentro das suas possibilidades, e um Flamengo que esteve um pouco abaixo das suas. No final das contas, o time que levou o título nos pênaltis foi o que teve mais oportunidades de conquistá-lo com a bola rolando.
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