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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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CBF apoia Fifa em pedido para evitar protestos políticos no Qatar

Presidente da Fifa vai assistir final da Copa do Brasil na Neo Química Arena - CBF
Presidente da Fifa vai assistir final da Copa do Brasil na Neo Química Arena Imagem: CBF

12/11/2022 11h20

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A Fifa enviou uma carta às federações nacionais na semana passada pedindo foco no futebol para evitar batalhas políticas na Copa do Qatar-2022. O objetivo era reduzir as manifestações em favor dos direitos LGBTQIA+ e direitos dos trabalhadores no país do Mundial. Em comunicado, a CBF se alinhou com a organização máxima do futebol - há um alinhamento político entre as diretorias das duas entidades.

O período anterior à Copa tem sido marcado por protestos de times e jogadores relacionados às políticas do Qatar com trabalhadores na Copa e contra as violações de direitos de LGBTQIA+. O país-sede do Mundial prevê punições criminais contra homossexuais.

Em contraposição, capitães de times europeus prometem usar braçadeiras com as cortes do arco-íris. Seleções Dinamarquesas e australianas se manifestaram em favor dos direitos de trabalhadores da Copa, que trabalharam em condições precárias para construir estádios.

Diante do cenário, a Fifa tentou abafar os protestos em carta às federações. O texto revelado pela Skynews diz: "Por favor, vamos focar no futebol. Nós sabemos que o futebol não vive em um vácuo e nós estamos cientes dos muitos desafios e dificuldades de natureza política no mundo. Mas por favor não vamos permitir que o futebol seja dragado para toda política ideológica e política que existe".

Federações nacionais da UEFA receberam com contrariedade a carta, segundo reportagem do "The Athletic".

No Brasil, a Fifa fez pedidas à CBF de apoio ao documento. Na noite de sexta-feira, a confederação soltou um comunicado em que referenda o pedido da federação internacional.

"Concordamos com o pedido da FIFA para que o principal foco da comunidade desportiva esteja no futebol antes e durante a próxima Copa do Mundo", diz um trecho.

Na sequência, afirma: "Sabemos das dificuldades em construir diálogos entre culturas e o futebol é o nosso denominador comum, realçando muito mais o que nos une do que o que nos separa. Concordamos inteiramente sabendo que, em conjunto com a FIFA, as autoridades do Qatar e outras entidades, os assuntos extra futebol estão sendo tratados na certeza de que o futebol pode ser uma força para mudanças positivas nas sociedades de todo o mundo."

Com isso, a CBF se comprometeu a não levar pautas extracampo aos gramados do Qatar. A entidade pode tomar iniciativas em relações aos direitos humanos no Brasil, longe do país da Copa.

A CBF tem defendido pautas de defesa dos direitos LGBTQIA+. Mas pesou no apoio o alinhamento político do presidente da confederação, Ednaldo Rodrigues, com o presidente da Fifa, Gianni Infantino. A federação internacional ficou satisfeita com a manifestação da confederação como um aval de peso.

Como ressalva, no final de seu comunicado, a CBF defende um futebol sem preconceitos. "Como a FIFA sempre faz questão de lembrar, esse torneio será também uma oportunidade para que torcedores de todos os lugares do mundo se encontrem e convivam em paz e alegria independente de sua origem, religião ou orientação sexual, unidos pela linguagem universal do futebol. Por um futebol sem preconceitos."