Fifa usará Big Brother do jogo para traduzir tatiquês na Copa-2022

Último terço do campo, quebrar as linhas, marcação com bloco baixo. São expressões comuns em entrevistas coletivas do técnico da seleção, Tite, e de outros treinadores que deixam parte do público meio perdido. Pois bem, na Copa do Qatar-2022, a Fifa pretende criar gráficos para tentar explicar detalhes táticos de um futebol.

O time de alta performance da federação internacional desenvolveu 11 métricas para analisar a forma das seleções jogarem no mundial. Por meio de algoritmos, vai estabelecer dados para cada time e traduzidos para uma linguagem mais acessível. Isso estará disponível na televisão em transmissões e em sites da entidade.

"Nós gostaríamos de dividir nossa visão de usar os dados analíticos do futebol combinados com interpretação de especialistas técnicos para criar uma nova inteligência no futebol, permitindo que todo mundo possa entender melhor o jogo", afirmou o diretor de desenvolvido do futebol da Fifa, Arsène Wenger, em release da entidade.

Abaixo as explicações dos 11 itens a serem analisados pela Fifa:

Posse de bola

É uma informação já conhecida dos brasileiros em transmissões de futebol: a posse de bola de cada time. Só que a Fifa via sofisticar o dado ao incluir os períodos de 'bolas em disputa', isto é, que não são controlados por nenhum dos dois times

Fases do jogo

A mera posse da bola ou a posição defensiva de um time não traduz completamente sua postura em campo. Por isso, haverá um gráfico para mostrar as diferentes fases de jogo de um time. Em resumo, com a bola, o time poderá estar em construção (início da jogada), progressão (encaminha-se para chegar perto do gol rival), terço final (na parte do campo mais próxima do gol adversário) e contra-ataque (quando recupera a bola para atacar). Sem a bola, a equipe poderá estar em pressão alta (marcando a saída de bola do rival), bloco médio (defesa a partir da linha da zona do meio-campo), bloco baixo (bem recuada com jogadores em linhas próximas a sua área), contrapressão (tentando recuperar a bola com rapidez após perdê-la).

Tempo para recuperar a bola

Haverá um cálculo de quanto tempo um time demora para ter de novo após a posse de bola após perde-la. Isso mostra sua capacidade de marcação.

Quebra de linha

Neste caso, a linha é a de marcação de um time. Por exemplo, ele pode ter quatro na defesa e quatro no meio para formar duas linhas de marcação. O gráfico da Fifa pretende mostrar como uma equipe consegue superar essas linhas defensivas, dando números e locais onde os atacantes conseguem penetrar na defesa

Receber atrás do meio-campo e da linha de defesa

A ideia é apontar quando e em que posição jogadores conseguiram receber a bola no meio da marcação do time adversário.

Altura da linha de defesa e distância do time

O sistema da Fifa vai medir em que posição está a última linha de defesa de um time, seja enquanto está defendendo ou atacando. Então, uma equipe mais ofensiva terá uma linha alta porque seus defensores jogam avançados para pressionar o rival, enquanto uma equipe defensiva terá uma linha baixa, mais próxima de seu gol.

Em outra medidas, será calculado a distância do atacante mais avançado para o defensor mais recuado de um time. Assim, será possível determinar o quão compacto está aquele time.

Formação do time

Todo mundo já viu aqueles quadros anteriores aos jogo com as escalações do time que posicionam os times em determinadas formações: 4-3-3, 4-1-4-1, 4-4-2. Só que aquilo é algo estático enquanto o futebol é dinâmico. A ideia do sistema da Fifa será mostrar as variações de formações de uma equipe durante o jogo, isto é, como esta se posiciona quando se defende e quanto ataca. Para isso, haverá acompanhamento de cada jogador para traçar os sistemas.

Entrada no terceiro terço do campo

Bastante utilizada pelos técnicos, a expressão último terço do campo significa a faixa mais próxima do gol, onde de fato os jogadores têm chance de marcar os tentos. A ideia do gráfico da Fifa é mostrar por onde que os times entram nesta zona do campo e quantas vezes conseguiram em uma partida. Assim, será possível identificar a forma de atacar de uma equipe e quantas vezes foi bem-sucedida.

Erros forçados

A ideia aqui é mostrar quantas vezes um time perdeu a posse de bola por conta da marcação forte do adversário. Isso não significa necessariamente que um defensor tomou a bola, mas que, coletivamente, sua equipe limitou de tal forma as oportunidades do rival jogar que gerou a perda da bola.

Pressão sobre a bola

Trata-se de uma evolução do item anterior. No caso, o mapa vai mostrar como cada time exerce uma pressão sobre o adversário para recuperar a bola, com um mapa indicando onde seus jogadores se posicionam para tentar retornar a posse.

Expectativa de gols

Entre os especialistas, essa é uma medida bastante importante: gols esperados (XG). É uma fórmula de calcular quantos gols um time deveria ter marcado se seus atacantes tivessem ume eficiência média em suas conclusões. Por exemplo, um chute com o gol sem goleiro da pequena área pode se classificado como expectativa 1. Enquanto isso, um chute de longe, pressionado por defensor, pode ser classificado como expectativa 0,1. Um pênalti entra como 0,7 porque em média se os cobradores convertem 70% dos penais.

Ao final, pode se determinar que um time deveria ter feito 3 gols, enquanto só assinalou dois. Isso mostra que aquela equipe foi eficiente para criar oportunidades, mas não para convertê-las.