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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Rivais do Flamengo no Mundial têm renda de elite no Brasil e apoio estatal

Luciano Vietto, do Al Hilal, comemora gol marcado na semifinal do Mundial, contra o Flamengo - Tullio Puglia/Getty
Luciano Vietto, do Al Hilal, comemora gol marcado na semifinal do Mundial, contra o Flamengo Imagem: Tullio Puglia/Getty

10/02/2023 04h01

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Adversários do Flamengo no Mundial, o saudita Al Hilal e o egípcio Al Ahly estão longe do perfil de times pobres: suas receitas são comparáveis à elite do futebol do Brasil. O time do Oriente Médio, por sinal, faz parte de um projeto de investimentos do governo da Arábia Saudita para se tornar um hub de esportes.

O Flamengo foi eliminado pelo Al Hilal na semifinal do Mundial, resultado que surpreendeu o técnico Carlo Ancelotti, do Real Madrid.

O time saudita, que jogará a final do Mundial contra o Real Madrid, é uma força econômica em um país rico por conta dos recursos naturais de energia. O governo da Arábia Saudita -tocado pelo ditador Mohammed Bin Salman - decidiu criar uma empresa, a Qiddya Investment Company, para projetos para desenvolver a nação como polo atrativo de turismo. O dinheiro tem como origem o PIF (fundo soberano do país).

Dentro desse projeto, a Qiaddya assinou um acordo de parceria com os dois maiores clubes do país Al Hilal e Al-Nassr. O acordo é de 20 anos e cada time levará US$ 26,6 milhões por ano (R$ 140 milhões). Haverá ainda a construção de um estádio para 40 mil pessoas para ser usado pelos dois clubes.

Para se ter ideia, o investimento da Qiaddya em cada um dos clubes sauditas é superior ao valor pago pelo PIF (fundo do país) para comprar o Newcastle, time da Premier League. Trata-se de um total de R$ 2,7 bilhões por 20 anos. A compra do time inglês e a contratação de Cristiano Ronaldo fazem parte do projeto ambicioso do país para turbinar o seu futebol.

Não dá para saber exatamente a renda do Al Hilal já que os dados de clubes sauditas não são públicas. O jornal saudita Al-Eqtisadiah, do ramo de negócios, informou que seus contratos de patrocínio e publicidade somavam US$ 55 milhões (R$ 290 milhões). Mas aí não estariam outras fontes de receita. Só esse valor já seria suficiente para botar o clube no top 10 de renda do Brasil.

Não por acaso o Al Hilal tem jogadores como Marenga e Ighalo, Kanno e Salem, sendo a base da seleção da Arábia Saudita. O clube foi punido com transfer ban por uma disputa com o Al-Nassar relacionada à renovação de Kanno, por isso, não contratou recentemente.

Já o Al Ahly é um clube que conta com mais recursos próprios por conta de sua megaestrutura, como já mostrado no blog quando enfrentou o Palmeiras. O orçamento para a última temporada, por exemplo, foi de US$ 126 milhões (R$ 660 milhões), o que o colocaria no top 5 na Série A do Brasileiro. No ano anterior, quando pegou o Palmeiras, o time tinha uma receita estimada bem similar à do Alviverde.

No caso do time egípcio, o dinheiro é gerado por contratos de patrocínio e direitos de TV, bem inferiores ao mercado brasileiro, e por uma grande base de fãs. São entre 35 a 40 milhões de pessoas, com mais de 30 mil sócios.

Comparados ao Flamengo, os dois times têm orçamentos e receitas inferiores. Em 2021, último ano já divulgado, o clube teve uma renda de R$ 1,1 bilhão na temporada. No ano passado, esse valor deve subir mais por conta de premiações de Libertadores e Copa do Brasil.

Portanto, a agremiação rubro-negra era, sim, a mais poderosa financeiramente no confronto nas semifinais, assim como será na disputa de terceiro lugar. Mas não enfrentou times pequenos de estaduais como analistas ignorantes chegaram a afirmar.