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Vitor Pereira faz discurso em realidade paralela com um Flamengo sem Norte
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Não é justo julgar o trabalho de um técnico por uma atuação do Flamengo após 45 dias. Mas é de se esperar que, com esse período, as atuações sinalizem um caminho a se seguir, um projeto para o futuro. O desempenho do Flamengo diante do Independiente Del Valle, na final da Recopa, não mostrou nenhum Norte no projeto de Vitor Pereira para a equipe.
O time rubro-negro foi uma versão bem piorada do esquema idealizado por Dorival Jr, que já estava em decadência nos meses derradeiros do ano. Ao final, o placar saiu barato na primeira perna da decisão: era para os equatorianos terem ganhado de mais.
De início, o técnico português voltou a armar o Flamengo no losango de meio-campo, com Thiago Maia postado como volante centralizado, Vidal de um lado, Everton Ribeiro de outro, e Arrascaeta de ponta-de-lança. Deixou o meio-campo bastante exposto como tem ocorrido em outras partidas. Os buracos eram cobertos em parte por um Vidal onipresente e o melhor em campo pelo time rubro-negro. Revelou-se um melhor substituto para João Gomes do que Gerson até aqui.
O Del Valle abusava dos espaços em triangulações para chegar ao campo rubro-negro. É verdade que esbarrava em uma última linha defensiva bem postada e em suas limitações técnicas. Por isso, concluía com pouco perigo. Do outro lado, o Flamengo, com pouca posse, apostava em contra-ataques e teve a melhor chance em jogada de Pedro e Gabigol, que perdeu na frente do goleiro Ramirez.
A altitude e a organização do Del Valle dificultavam, mas era um Flamengo muito abaixo de suas potencialidades. Na versão de Vitor Pereira, "as melhores situações de gol foram nossas. Tivemos duas ou três situações para fazer, e acredito que se tivéssemos feito, teríamos uma vantagem importante." Não comentou sobre as dificuldades do time de marcar no meio-campo e de ter a bola ao pintar o quadro róseo. Mas iria piorar.
Na volta para o segundo tempo, o time carioca não tinha mais contra-ataque. Sem ameaçar, o Flamengo limitava-se a ser amassado pelo Del Valle em seu campo, cruzamento atrás de cruzamento. Isso agravou-se quando Pedro, lesionado, saiu para a entrada de Pulgar. O volante chileno entrou, de novo, mal e perdendo bolas.
Depois de duas chances pelo alto, o Del Valle fez o gol com Carabajal. Mas houve outras oportunidades como na bizarra falha de Santos, que só não entregou um gol porque o atacante Basso bateu com o braço da bola antes de concluir.
Completamente sumido, Arrascaeta foi mantido em campo até o final enquanto Everton Ribeiro saiu para a entrada de Cebolinha. O atacante deu um chute forte para defesa de Ramirez. Foi motivo de júbilo para Vitor Pereira que viu um quase tento na única tentativa real rubro-negra na etapa.
"No 2° tempo, tivemos que reajustar o triângulo da frente e passamos para outra estrutura no sentido de eles criarem dificuldades na frente e dificultar a largura deles, que jogam em linha de cinco. Acho que nós estivemos bem, com a exceção da bola parada que não conseguimos defender?, disse ele, defendendo que as 25 finalizações do Del Valle não significaram tanto por não serem tão claras.
O discurso otimista de VP contrasta com o que se viu em campo. Não deu para entender, sinceramente, qual o caminho o técnico pretende. O Flamengo acertou ao tirar Dorival Jr já que a queda de rendimento era nítida. Dito isso, o time com o técnico português é até agora uma versão mais murcha do que foi com Dorival. O novo técnico não apresentou um novo caminho mesmo que seja para estar consolidado no futuro.
Como português, Vitor Pereira deve saber que não há problema em saber que, em um navio, pode demorar para chegar à terra firme. O martírio faz parte do resultado final. O problema é quando o navegador parece estar sem bússola. A ver se é uma impressão momentânea.
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