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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Flamengo e Vasco ficam com metade da renda de R$ 5 mi. Entenda por que

Puma Rodriguez jogador do Vasco comemora seu gol durante partida contra o Flamengo - Thiago Ribeiro/AGIF
Puma Rodriguez jogador do Vasco comemora seu gol durante partida contra o Flamengo Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Colunista do UOL

07/03/2023 04h00

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O clássico ente Flamengo e Vasco teve uma renda de R$ 5 milhões, a terceira maior do ano no Brasil, mas os clubes dividiram 53% da receita da partida. O percentual é bem inferior ao visto em arenas próprias paulistas e mostra os desafios de ser o gestor do Maracanã. As duas agremiações justamente disputam a concessão do estádio.

O público foi de 69,020 mil com renda de R$ 5,008 milhões, número inferior apenas ao jogo entre Flamengo x Del Valle. Pelas regras do Estadual, Flamengo e Vasco dividiram R$ 2,689 milhões, sendo R$ 1,344,6. O clube da Gávea ficou com valor levemente menor por pagar o antidoping.

Em estádios próprios paulistas, os grandes clubes paulistas, Corinthians, Palmeiras e São Paulo, ficam com percentuais entre 70% a 76% da renda do jogo. Isso em levantamento feito em clássicos, também pelo Estadual, que pressupõem o mesmo nível de segurança.

Há explicações que vão dos custos do Maracanã como estádio público a questões específicas do Rio de Janeiro.

1) A Ferj ficou com R$ 475 mil porque cobra uma taxa de quase 10% sobre o valor total. Em São Paulo, esse percentual é de 5%.

2) Há outros custos relacionados só ao jogo, com credenciamento, seguro, despesas operacionais, INSS. No total, são R$ 783 mil, incluída aí a taxa da Ferj

3) Os custos do Maracanã propriamente somam R$ 616 mil em despesas operacionais, mais confecções de ingressos de R$ 251 mil. Há um aluguel também de R$ 200 mil.

4) O Maracanã tem cadeiras cativas e gratuidades que impactam em perda de receita mesmo gerando custo do público. Foram 4 mil pessoas no clássico.

O valor médio do ingresso foi de R$ 77,4, sendo que cerca de R$ 20,00 por pessoa fica retido só para despesas do estádio. E aí tem as outras mordidas da Ferj e operacionais.

A administração do Maracanã entende que o custo operacional do estádio propriamente dito não foi alto considerando que era um clássico, com questões de seguranças, e público de quase 70 mil. A concessão definitiva não deve baixar esses custos, nem os que são próprios do Rio de Janeiro.

Mas o Flamengo, como gestor ao lado do Fluminense, ainda faturou com as vendas de bebidas e comidas, e camarotes. Esse dinheiro é usado para bancar a manutenção e futuramente reformas do estádio, a cobertura já tem sinais de desgaste e furos. O que pode ocorrer é um aumento das receitas com exploração de outras propriedades do estádio. Como propriedade público, ainda é preciso pagar outorga para o Estado, o que deve até crescer em valor em uma concessão definitiva.