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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Contrato da Série B gera atrito entre Liga Forte Futebol e CBF

Reunião dos clubes da Série B na CBF - RAFAEL RIBEIRO/CBF
Reunião dos clubes da Série B na CBF Imagem: RAFAEL RIBEIRO/CBF

Colunista do UOL

10/03/2023 04h00

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A Liga Forte Futebol (grupo de clubes) e a CBF entraram em atrito por conta do contrato de direitos da Série B assinado com a Brax. Isso porque a LFF entendia que o acordo não deveria ir além de dois anos para não afetar os direitos de uma futura Liga, seus clubes ameaçaram não assinar. A confederação, no entanto, fechou um acordo de quatro anos, de 2023 a 2026.

A CBF vinha tentando resolver a questão dos direitos da Série B desde o ano passado. Depois de várias negociações fracassadas, recebeu uma proposta de garantia mínima de R$ 200 milhões da empresa Brax, que fará parceria com os direitos com alguma TV.

Mas a Liga Forte Futebol, que tem 12 clubes na Série B, entendia que esse acordo afetava o seu contrato com os investidores Serengetti e LCP Corretora. Pelo acordo, esses clubes dão 20% dos seus direitos no Brasileiro das Séries A e B em troca de um investimento inicial que varia entre R$ 2 bilhões e 4,8 bilhões. Os investidores que têm o poder de negociar os direitos.

Em reunião na terça, membros da LFF dizem ter ouvido do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que o contrato seria de apenas dois anos. Mas o dirigente apresentou um acordo de seis anos com a Brax.

Clubes da LFF tentaram reduzir o acordo para apenas dois anos. Só que a Brax não queria um contrato tão curto e é a empresa que está garantindo o pagamento de até R$ 10 milhões anuais aos clubes.

Houve um debate dentro da Liga Forte Futebol para que seus clubes não assinassem o acordo em bloco. Em troca, seria viabilizado um valor de R$ 7 milhões por time. Só que a ideia não foi para frente até porque os times da Libra na Série B estavam convictos assinar o acordo.

Antes de assinar, os clubes da LFF foram falar com os investidores do Serengetti e da LCP para obter aval para poderem aderir. Houve uma autorização por parte do grupo. Por isso, posteriormente, a Liga soltou um release em que mínimiza o impacto do contrato da Série B no seu acordo com investidores. Antes de fechar, o grupo pediu para a CBF e conseguiu a redução do acordo para quatro anos, até 2026. Ou seja, invade dois anos do possível acordo da Liga.

Essa foi a posição oficial da LFF: "Os clubes da LFF conversaram com os investidores da LFF, que reafirmaram que um eventual fechamento de um contrato da Série B pelos próximos 4 anos não altera em nada seu comprometimento em investir na Liga Forte Futebol. A Avaliação dos investidores é de que, dada a natureza de longo prazo do investimento, o impacto não é significativo. Os clubes da Série A foram solidários e este processo uniu ainda mais os clubes da LFF, que decidiram tudo de forma consensual, entre os clubes das séries A e B e também com os investidores do grupo, Serengeti e Life Capital Partners. A avaliação do grupo é que, se existiu alguma tentativa de usar esse movimento para desunir o grupo, o tiro saiu pela culatra."

Em contrapartida, a Libra não apresentou oposição ao acordo entre CBF e Brax. Após saberem da proposta, os clubes da Série B da Libra se reuniram com o investidor Mubadala. No encontro, constatou-se que dois anos de contrato da Série B, que é o produto menos valioso da Liga, representariam pouco impacto em termos do investimento total. Por isso, foi liberada a assinatura sem condições.

Obviamente, em ambos os casos, terá de haver adaptações e negociações com a Brax para uma futura Liga.