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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Flamengo arrecada R$ 1,2 bi como europeu, mas só atinge elite com Liga

Torcida do Flamengo dentro do Maracanã  - Bruno Baketa/AGIF
Torcida do Flamengo dentro do Maracanã Imagem: Bruno Baketa/AGIF

Colunista do UOL

01/04/2023 04h01

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O balanço do Flamengo indiciou a receita bruta recorde de R$ 1,177 bilhão no ano de 2022. É a maior da história de um clube brasileiro e coloca o Fla como a 26ª maior receita do mundo, segundo o relatório rubro-negro. Mas a agremiação depende de uma Liga do Brasileiro organizada para chegar à elite dos 20 times com mais dinheiro do mundo.

A receita do Flamengo no ano passado teve um aumento de mais de R$ 100 milhões apesar da queda na venda de jogadores. O total arrecadado foi de R$ 1,177 bilhão contra R$ 1,049 bilhão de 2021.

Esse crescimento foi resultado das premiações pelos títulos da Copa do Brasil e da Libertadores, pelo incremento de contratos de patrocínio e comercias e pela explosão das receitas de match day (bilheteria e sócio-torcedor).

Em termos de receita de transmissão, houve um salto de R$ 385 milhões para R$ 495 milhões, sendo que estão incluídos nessa rubrica os prêmios por desempenho. Houve um crescimento de R$ 40 milhões nas receitas comerciais que atingiram R$ 296 milhões.

Por fim, o Flamengo arrecadou R$ 205 milhões com match day, sendo metade com bilheteria e R$ 72 milhões com sócio-torcedor. O restante é de receita do Maracanã. Com esses números, mesmo com as vendas de jogadores mais fracas (a mais alta foi de Michael por 8 milhões de euros), o clube aumentou sua receita total.

No relatório, o Flamengo apontou que sua receita seria convertida para 192 milhões de euros. Usou a referência do relatório Money League, feito pela consultoria Deloitte, para apontar que seria o 26º em receita no mundo, próximo a times como Benfica e Ajax. Não entra na elite dos ricos da Europa composto por 20 clubes.

E aí há uma observação relevante no relatório do Flamengo: "Analisando somente as 20 maiores receitas pelos seus componentes, nota-se que o Flamengo tem um nível similar de receitas comerciais e de matchday a alguns participantes do top 20 "Money League" (o cluster destacado no Gráfico 4). No entanto, há uma lacuna nas receitas de Broadcast, mesmo em um ano com conquistas de Libertadores e Copa do Brasil, que ainda distanciam o Flamengo deste grupo de clubes."

As receitas de broadcast (ou direitos de transmissão) são resultado da força da Liga. O Flamengo é o clube que mais arrecada no Brasil com TV, porém, o Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil geram incomparavelmente menos em direitos do que as competições europeias.

Na prática, internamente, o Flamengo sabe que precisa de uma Liga mais rentável no Brasil para poder alçar voos para competir com a elite dos times europeus. Não chegará aos clubes mais ricos como Real Madrid, City, Bayern, mas pode estar no patamar dos 20 maiores.

Atualmente, o Brasileiro gera uma receita pouco superior a R$ 2 bilhões. A estimativa da Libra é de que, com a venda do campeonato inteiro, tentar atingir R$ 4 bilhões com todos os direitos centralizados. A longo prazo, o campeonato poderia crescer mais com sua expansão para o exterior.

Na realidade atual, o Flamengo mantém suas despesas em níveis controlados para a receita: direitos de imagem e salários com pessoal representam menos de 50% do total arrecadado. Os balanços de pagamentos de contratações e vendas estão equilibrados.

Com isso, o clube teve superávit de R$ 136 milhões. Também tem R$ 254 milhões em caixa, o que reduz sua dependência de empréstimos. A dívida líquida sofreu uma redução e ficou em R$ 363,7 milhões, uma queda de cerca de R$ 50 milhões em relação ao ano passado.