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Rodrigo Mattos

REPORTAGEM

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Clubes e CBF têm divergências sobre regras e dinheiro de sites de apostas

Bola do Brasileiro - Marcello Zambrana/AGIF
Bola do Brasileiro Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL

06/04/2023 08h47

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Há uma incômodo entre CBF e os principais clubes de Rio de Janeiro e São Paulo por causa da regulação do dinheiro de sites de apostas em curso no Ministério da Fazenda. As questões em debate são a entidade se apresentar para falar em nome dos times, a fatia do bolo destinada a cada parte e a forma de distribuição dos recursos.

O Ministério da Fazenda elabora uma Medida Provisória para regular os sites de apostas. Haverá um cadastros dos sites, cobrança de impostos e de uma licença. O texto já está quase pronto.

Pela legislação em vigor 13.756/2018, ainda sem regulamentação, será destinado 1,63% da receita líquida das apostas para entidades e clubes de futebol. Esse percentual ainda não está fechado na MP.

Pois bem, na semana passada, a CBF fez uma reunião com clubes para debater o tema dos sites de apostas. No encontro, a entidade propôs que se sugerisse ao governo um aumento do percentual destinado às entidades do futebol. Ao mesmo tempo, quer ser a gestora de todos os recursos e ficar com 20% do total distribuído por ser detentora do campeonato.

Essa ideia foi formalizada por representantes da CBF em um documento para o Ministério da Fazenda. No encontro, dirigentes da entidade diziam representar os clubes. Há atualmente bastante proximidade entre cartolas da confederação e alguns setores do governo Lula.

Só que as agremiações não gostaram de serem alijadas do processo e ficaram incomodadas com a CBF se apresentar como sua representante. Depois do encontro inicial, passaram a conversar por meio de um grupo formado por Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo. Por isso, os clubes decidiram fazer um protesto público nesta terça-feira em nota.

"É imprescindível que os Clubes de Futebol tenham participação direta nas discussões legislativas que envolvam a regulamentação da atividade das empresas de aposta eletrônica, permitindo-se que se posicionem de forma clara e pública acerca do que entendem justo e correto no tocante à referida regulamentação, visto que ninguém está autorizado a lhes representar nesse debate. Essa última frase foi uma menção direta para a CBF. E a intenção é reunir outros times no debate.

Pelo menos três clubes ouvidos pelo blog também entendem que não faz sentido a CBF ficar com os direitos sobre os campeonatos e morder 20% do total de apostas. Para dirigentes dos times, esse percentual tem que ser bem menor, com uma fatia mais gorda para as agremiações. E rejeitam a ideia da CBF de ser a responsável por receber e distribuir os recursos vindos das apostas.

A CBF diz que sua primeira proposta não é definitiva e a considera um ponto de partida. A entidade ainda considera que clubes de outras divisões têm que ser ouvidos neste caso, não só oito clubes. Portanto, entende que pode representar todo o ecossistema de clubes porque seria difícil todos estarem presentes no Ministério da Fazenda. Veja a nota da CBF

"A CBF esclarece que ainda não vai comentar sobre o assunto. O documento em questão, enviado a pedido do Ministério da Fazenda, ainda é preliminar. É uma questão complexa e sem precedentes. Por isso, será objeto de apreciação por todas as partes envolvidas.

Como parte desse processo, os representantes de clubes das séries A e B, inclusive, estiveram reunidos com a CBF na semana passada para discussões sobre o tema. Todos os clubes presentes foram informados de que o documento apresentado não era um texto definitivo, apenas um ponto de partida.

"Faremos o mesmo com os representantes das séries C e D e do futebol feminino. Na minha gestão à frente da CBF, o diálogo aberto e democrático sempre será respeitado. Nosso compromisso é ouvir e dar voz a todos. Inegavelmente, a receita das apostas é mais uma fonte de renda para os clubes. Mas é preciso entender, discutir e chegar a um consenso", destacou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues

Somente depois de amplo debate a pauta de uma medida provisória será encaminhada ao Governo Federal."