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Na altitude, Vitor Pereira tem a visão nublada em derrota do Flamengo
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Uma das características de Vitor Pereira é fazer um plano de jogo para cada jogo de acordo com circunstâncias e o rival. Deu certo no primeiro Fla-Flu da decisão Carioca. Deu muito errado na estreia da Libertadores diante do Aucas.
A primeira condição para a partida era esta acontecer em Quito, a cerca de 3 mil metros, onde o Flamengo costuma sofrer fisicamente no segundo tempo. A segunda condição é que o time enfrentara uma decisão diante do Fluminense no sábado, e o time, de forma equivocada, prioriza o Estadual.
Vitor Pereira, portanto, optou por uma formação com mais reservas -técnicos com Everton e Felipe Luiz - para ter a bola. Só que insistiu no esquema com três zagueiros apesar de não ter os jogadores para isso. Sem os titulares, seus alas foram o garoto Wesley e o improvisado Marinho, que não tem ideia de como exercer a função. Não haveria volante marcador.
Lembremos que Vitor Pereira diz que não jogaria todos os jogos com três zagueiros, que dependeria das circunstâncias. Bem, desde então, ele só arma o time assim.
Apesar de um início desconjuntado, o Flamengo teve, sim, o domínio de bola no primeiro tempo. Criava bem pouco porque faltava a profundidade dos laterais. E sobrava espaço na entrada da área defensiva pela falta do volante, Victor Hugo e Vidal cercavam sem agressividade.
O gol saiu em bela jogada individual de Matheus França. Seu drible em que parece lento e altera o ritmo superou dois rivais para dar um toquinho e fazer o gol. De volta a titular, Gabigol ia mal.
Como de hábito ocorre em Quito, o Aucas foi para cima no início do segundo tempo, subindo a marcação em vez de esperar o time carioca. Como de hábito na capital equatoriano, o Flamengo ficou atordoado. Não havia plano para um filme repetido.
As bolas entravam por todos os lados diante de uma defesa desprotegida e jogando em linha. Não há nenhum problema de jogar com uma defesa em linha desde que o meio esteja protegido para evitar enfiadas. Everton Ribeiro (muito mal no jogo) errou o passe fácil, o Aucas armou o contra-ataque e Castillo chutou com liberdade para empatar.
O domínio do Aucas era perceptível e a virada questão de tempo. Vitor Pereira colocou os dois alas, Ayrton Lucas e Varela, e Gerson no lugar de Vidal. Mas manteve o time sem volante típico, mesmo tendo Igor Jesus no banco, e Victor Hugo com pouco ritmo. E aí também é preciso reconhecer que os jogadores do time foram sócios no fracasso: Everton, Marinho, Pablo, Gabigol, Gerson, todos mal em campo.
O Aucas ainda avisou quando fez o gol da virada anulado por falta no início do lance em Varela. Aproveitava a defesa exposta rubro-negra. Logo depois, em lance quase idêntico, Gerson não pressionou Cuero que enfiou para Ordónez chegar na frente de Santos. O buraco no meio e a defesa em linha foram fatais.
Ao final, Vitor Pereira entendeu que o Flamengo foi bem. "Na minha opinião, fizemos um bom jogo. Tivemos momentos bons no jogo, de controle, de posse, de criar situações de gols. Na segunda parte, o jogo tornou-se mais aberto, menos controlado. Poderia ter dado para nós, como poderia ter dado para eles."
Bom, o jogo foi descontrolado no 2o tempo pelas falhas do Flamengo que seu técnico não foi capaz de corrigir. Não dá para atribuir o controle do 1o tempo a mérito próprio e a falta dele após o intervalo em algo aleatório. E não foram tantas chances assim para o time rubro-negro: cinco chutes no gol, contra sete do Aucas. Se os jogadores sentiram o ritmo da altitude, Vitor Pereira parece ter ficado com a visão meio nublada também, durante e após a partida.
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