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Sampaoli botou o Dinizismo nas cordas, mas não o nocauteou
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É uma mania de analistas colocar o protagonismo de jogos nas mãos dos técnicos. Em boa parte das vezes, é uma forçada de barra, não se justifica. O Fla-Flu, no entanto, foi o confronto marcado pela atuação de seus técnicos, Jorge Sampaoli e Fernando Diniz.
De cara, foi surpreendente ver a valentia do técnico argentino: decidiu-se por uma marcação pressão insana sobre a saída tricolor. Até meio ríspida com faltas para parar jogada. Mas uma estratégia que se encaixa bem para anular o símbolo do Fluminense de Diniz, o toque de bola, a jogada construída desde lá de trás.
A estratégia só foi possível por um Flamengo elétrico como não se via nos últimos jogos. Era como se o time que venceu a Bahia fosse um ser meio alquebrado, cansado, e de repente ganhasse uma injeção de adrenalina na veia.
Por 30 a 35min, o Flamengo não deixou o Fluminense jogar. Além da marcação sufocante, havia o excesso de meio-campistas, Pulgar, Thiago Maia, Everton, Arrascaeta e Gerson, que impediam dominavam o setor mais importante do campo. A ponto de Diniz, em determinado momento, juntar seu time no lado do campo como se fosse um tempo técnico de basquete para reorganizar.
O gol não saiu - Gabigol e Arrascaeta estiveram perto dele após passe de Pulgar - e o Fluminense teve algum alívio no final do primeiro. Seu primeiro arremate a gol, do time mais ofensivo do Brasil, foi quase aos 30min em jogada individual de Marcelo.
A volta para o segundo tempo tinha um time rubro-negro ainda sufocante na sua marcação na frente. Sem Marcelo, sem Aleksander, André se desdobrava para sair a bola e construir o jogo tricolor. Do outro lado, Pulgar vivia grande noite, jogada de terno como diziam os antigos.
A enfiada de Arrascaeta de três dedos achou um Gabigol em arrancada para ser derrubado por Felipe Mello, no jeito Felipe Mello, com truculência, sem velocidade. O árbitro Anderson Daronco precisou do VAR para expulsa-lo. O juiz também falhou em não dar amarelos para jogadores do Flamengo, que terminaram com 22 faltas, em clara tática de parar contra-ataques.
Com 11x10, o Flamengo quase fez o gol com Arrascaeta e com Ayrton Lucas, em cabeçadas. Mas a verdade é que o Fluminense esteve mais seguro com um a menos pelo recuo armado por Diniz. Ao contrário do que fez na final do Carioca, ele recompôs a zaga com Manoel. E pôs seu time para jogar até com linha de seis na defesa.
Sim, o time de Diniz sabe defender. Mas também é preciso reconhecer que, em um jogo com o técnico mais inventivo brasileiro, o mais corajoso foi Sampaoli. Pois mesmo com 11x11, mandava seus zagueiros jogarem praticamente na intermediária ofensiva.
Faltou ao Flamengo um jogador como Pedro para ter presença e efetividade nas conclusões. Com o Fluminense postado, não adiantavam as jogadas de velocidades, seria preciso um finalizador. Não era a hora de Vidal, talvez o único erro de Sampaoli.
Diniz reclamou do excesso de faltas do rival (tem razão), de uma suposta imparcialidade de arbitragem (apelou ao clichê), mas explicou o domínio rubro-negro só pela questão anímica. Não foi só isso. A verdade é que o argentino corajoso o imprensou, assim como ele já fez com outros técnicos. Restou ao Fluminense se defender bem. Lembremos que Diniz também ficou apertado na 1a final do Estadual, e depois atropelou o rival.
Um clássico que fez o Flamengo voltar a sonhar, e o Fluminense a refletir e nos deixa ansioso pelo próximo confronto destas duas cabeças, de seus jogadores, de suas torcidas.
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